O Diário Oficial da União traz nesta sexta-feira a indicação de Celso Amorim para o Ministério da Defesa e a exoneração "a pedido" de Nelson Jobim. Mas a escolha do ex-chanceler para substituir Jobim no Ministério desagradou os militares.

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De acordo com oficiais-generais da ativa ouvidos pela reportagem que não podem se pronunciar para não serem punidos por descumprirem o regulamento disciplinar, a situação é delicada porque todos conhecem as posições do ex-chanceler durante sua passagem pelo Itamaraty, quando "contrariou princípios e valores" dos militares.

Apesar de toda contrariedade, os militares, disciplinados, não tomarão nenhuma atitude contra Amorim. Não há o que fazer, além de bater continência para o ocupante de uma das carreiras que os militares mais têm rivalidade. Para os militares, a escolha de Amorim tem "o dedo de Lula", dizem. "É quase como nomear o flamenguista Márcio Braga para o cargo de presidente do Fluminense ou do Vasco, ou vascaíno Roberto Dinamite como presidente do Flamengo", comparou um militar. "O governo está apostando na crise", observou outro oficial-general, explicando que oJobim conquistou autoridade mas ninguém sabe como será a reação da tropa caso haja algum problema que Amorim precise usar sua autoridade.

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O maior problema para os militares é que durante todo o governo Lula, Celso Amorim usou a ideologia para tomar decisões e conduzir a política externa brasileira. Além disso, Amorim priorizou a relação com Fidel Castro, de Cuba, e Hugo Chávez, da Venezuela, além de Mahmoud Ahmadinejad, do Irã. "Ele colocou o MRE a serviço do partido", salientou outro militar, acrescentando que temem, por exemplo, em relação à condução do programa nuclear brasileiro, já que Amorim sempre teve o que chamam de "posição perigosa" de ser favorável a assinatura de protocolo adicional, que limitaria programas de pesquisa das Forças Armadas.