Em palestra sobre reforma política nesta sexta-feira (12), Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), questionou o efeito do julgamento do mensalão, do qual ele participou em sua fase final, sobre as práticas dos políticos. O ministro fazia crítica às tentativas do STF de estabelecer regras "de cima para baixo", ou seja, sem olhar para as práticas reais.

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"Em relação ao mundo político, não adianta tentar mudar a realidade. Se dizia que, com a decisão da Suprema Corte no mensalão, iriam mudar as práticas políticas. Será que elas mudam, por causa disso?", questionou Dias Toffoli. "Não vou aqui desenvolver mais o assunto, tem imprensa presente. Só pra refletir", cortou.

Durante a fala que durou cerca de uma hora, Toffoli criticou a decisão do STF que, em 2007, estabeleceu a fidelidade partidária."Não dá pra estabelecer fidelidade partidária se a relação é do político com o eleitor. Em 2010, 9,2% votaram na legenda e 90,8% em nomes de candidatos", argumentou. "Aí vem o Supremo e dá murro contra a sociedade. Se os fatos estão errados, danem-se os fatos."

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Para o ministro, a fidelidade partidária estimulou a criação de novos partidos, citando o PSD, o Pros e o Solidariedade."[Esses partidos] têm, de imediato, acesso ao fundo partidário e a tempo de televisão, mesmo que sem representação. Um valor pequeno, mas suficiente para sustentar, pro resto da vida sem ter que trabalhar, umas 10 pessoas. É isso", criticou.

Para Toffoli, um dos motivos para a atual crise de representatividade dos partidos políticos foi o fato de as legendas não terem percebido que a luta de classes acabou. "A pessoa é do movimento gay, pró-aborto, contra aborto, da bancada rural, do movimento sem terra. E às vezes a pessoa é totalmente transversal. Ela não cabe mais nas caixinhas dos partidos políticos", disse.

Arruda

Ao final, em rápida coletiva de imprensa, Dias Toffoli afirmou que espera que o STF não acolha o recurso apresentado pelo candidato a governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (PR). "Imagino que o Supremo vai manter a decisão já tomada pelo TSE porque, a meu ver, não há matéria constitucional no caso", disse.Nesta quinta (11), o TSE negou recurso a Arruda. Como ele entrou com recurso no STF, pode seguir com sua campanha até o novo julgamento.

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