Com a voz embargada e contendo a emoção, a presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira (22), em entrevista coletiva no encerramento da Conferência da Rio + 20, que nunca quis saber a identidade de seus torturadores. Ao comentar a publicação de um dos de seus depoimentos durante a prisão, na década de 70, disse que muitos dos que a torturaram não tinham nomes verdadeiros, que há elucubrações sobre suas identidades, mas disse que nunca quis saber, porque a questão não é o torturador, mas a tortura, que o torturador é apenas um agente. Por isso criou a Comissão da Verdade, para virar a página dessa história do país, e não deixar que se repita nunca mais.
"Quero dizer que o problema não é o torturador, é a tortura. O torturador é um agente. O problema é em que condições a tortura é estabelecida e operada. Isso todos nós sabemos. E todos nós temos o compromisso de jamais deixar que volte a acontecer. Com o passar dos anos, o melhor que me aconteceu foi não ter me fixado nas pessoas e nem ter por essas pessoas qualquer tipo de sentimento de ódio, mágoa ou vingança. Mas tampouco perdão!", disse Dilma.
"Querer vingança ou sentir mágoa ou ódio, é ficar dependente de quem queremos vingar, magoar ou odiar. Isso não é um bom sentimento para ninguém", disse Dilma, segurando para não chorar. Dilma disse que trata-se de buscar a verdade, com a comissão da Verdade, para virar a página dessa parte da história do Brasil. "A verdade não se esquece. Mas não se esquece do ponto de vista histórico, não do ponto de vista individual".
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