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O presidente norte-americano Barack Obama e a presidente brasileira Dilma Rousseff | REUTERS/ Jason Reed
O presidente norte-americano Barack Obama e a presidente brasileira Dilma Rousseff| Foto: REUTERS/ Jason Reed

Uma viagem, muitos significados

Nos dois dias de viagem ao Brasil, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixará muitas palavras amigáveis e poucos acordos formais. Em troca, tentará incluir na bagagem o retrato de estadista internacional, um remédio para recuperar a popularidade dentro de casa. Mesmo distante de ações concretas, o simbolismo deve satisfazer tanto anfitriões como visitantes. Leia mais

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A presidente Dilma Rousseff e seu colega dos Estados Unidos, Barack Obama, conversaram por mais de uma hora neste sábado sobre G20, relação comercial com a China, reforma do Conselho de Segurança da ONU e energia, entre outros assuntos.

A vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, um objetivo muito importante para a diplomacia brasileira, foi tema da conversa privada, da declaração à imprensa e abriu o comunicado conjunto dos dois presidentes.

Na conversa reservada, segundo relato de um ministro que pediu para não ser identificado, Obama afirmou que concorda com a postulação brasileira e explicou que é difícil para os Estados Unidos deixarem explícita sua posição neste tema.

"Ele comentou que quando apoia o pleito de algum país ganha um amigo, mas também adquire outros inimigos", disse o ministro à Reuters. "Ele falou isso pra explicar como é difícil para os Estados Unidos defenderem sua posição publicamente."

Em sua declaração a jornalistas, após o encontro, Dilma justificou as pretensões do Brasil como a busca de um "mundo mais multilateral".

"Não nos move o interesse menor pela ocupação burocrática de espaços de representação, o que nos mobiliza é a certeza de que um mundo mais multilateral produzirá benefícios para a paz e harmonia entre os povos", argumentou a presidente.

No comunicado conjunto dos dois presidentes, eles também manifestaram a necessidade de reforma no Conselho de Segurança para "responder aos desafios do Século 21".

O resultado da viagem de Obama em relação a esse tema agradou o governo brasileiro.

Comércio e câmbio

Na área de comércio, os dois países assinaram um acordo que cria a Comissão Brasil-Estados Unidos para Relações Econômicas e Comerciais com o objetivo de promover a cooperação econômica e comercial bilateral.

No encontro privado, as conversas sobre este tema abordaram a força econômica e comercial da China e como os dois países podem atuar em conjunto para fazer frente a esse cenário. Eles também conversaram sobre os entraves nas negociações do G20, grupo das maiores economias do mundo.

Segundo o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, Dilma insistiu na "necessidade de estabelecer um equilíbrio maior no comércio" bilateral. Ele revelou também que a presidente reclamou com Obama da política monetária que os EUA vêm adotando.

"Nós falamos que a política monetária (norte-americana) era um complicador porque ela tem incidência sobre a política cambial", disse Marco Aurélio Garcia, no Palácio do Itamaraty, após almoço entre os dois presidentes.

Em um cenário no qual o governo brasileiro luta para impedir uma apreciação ainda maior do real, Dilma aproveitou sua declaração pública para mostrar, ao lado de Obama, preocupação com os "efeitos agudos decorrentes dos desequilíbrios econômicos gerados pela crise recente".

"Compreendemos o contexto do esforço empreendido pelo seu governo para a retomada da economia americana, algo tão importante para o mundo", disse Dilma. "Porém, todos sabem que medidas de grande vulto provocam mudanças importantes nas relações entre as moedas de todo mundo. Este processo desgasta as boas práticas econômicas e empurra países para ações protecionistas e defensivas de toda natureza."

Energia e Líbia

Na área de energia, o presidente norte-americano demonstrou interesse na importação de petróleo da camada pré-sal. Segundo Garcia, a presidente disse a Obama que o Brasil não quer exportar apenas petróleo, mas também derivados.

"Nós queremos a atração de investimentos norte-americanos... no que diz respeito a toda uma cadeia produtiva que vai derivar dessa grande disponibilidade de petróleo que nós teremos no Brasil", disse Garcia.

Os dois trataram ainda de energia nuclear, num momento em que o Japão enfrenta uma grave crise nuclear depois do terremoto e tsunami da semana passada, e a situação da Líbia. Segundo relato do ministro que pediu anonimato, Dilma ressaltou que "nem sempre a ação militar é o melhor caminho".

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