Ao fazer sua defesa pessoalmente no processo de impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff citará ex-ministros que hoje são seus julgadores para mostrar que todos eles acompanharam sua gestão no governo. A ideia é constranger ao menos seis senadores, que integravam o primeiro escalão e, na madrugada do dia 10 de agosto, viraram seus algozes.
A lista dos que foram ministros de Dilma e votaram para transformá-la em ré no processo é composta por Eduardo Braga (PMDB-AM) que também ocupou o cargo de líder do governo no Senado , Edison Lobão (PMDB-MA), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Marta Suplicy (PMDB-SP) e Marcelo Crivella (PRB-RJ).
Dilma e senadores traçam estratégias para embate
Dilma irá ao plenário do Senado no próximo dia 29 e já começou a se preparar para a sabatina. No Palácio da Alvorada, ela participará de um treinamento político para que seja capaz de rebater questionamentos duros, sem sair da linha. A “aula” jurídica será dada por José Eduardo Cardozo, o advogado responsável por sua defesa.
Em reunião no Alvorada, quinta-feira, (18) os senadores Humberto Costa (PE), Paulo Rocha (PA) e José Pimentel (CE), todos do PT, explicaram a Dilma o formato da sessão de impeachment, a ser comandada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski. Os parlamentares pretendem antecipar a ela como irão se comportar os colegas, dos mais agressivos aos mais folclóricos. A ideia é evitar surpresas.
Além do embate duro com adversários ferrenhos, os parlamentares aliados querem preparar a presidente afastada para o confronto com senadores mais falastrões. Magno Malta (PR-ES), por exemplo, avisou a colegas que cantará para Dilma no plenário o refrão do principal sucesso da dupla Kleiton e Kledir: “Deu pra ti, baixo astral, vou pra Porto Alegre, tchau”. Caso seja afastada definitivamente do cargo, a presidente deve mesmo retornar à capital gaúcha.
Os defensores do impeachment também se reúnem na próxima terça-feira para fechar uma estratégia sobre as perguntas a serem feitas à petista. O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), defenderá que todos façam questionamentos. A avaliação entre os aliados de Michel Temer é que Dilma quer fazer um registro histórico do processo e que eles devem fazer o mesmo. Para eles, evitar fazer perguntas para a presidente afastada poderia ser apontado como covardia.
Renan marca encontro com Dilma
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), adiou para a manhã desta sexta-feira (19) um encontro com a presidente afastada para discutir os detalhes da participação dela no julgamento. Renan embarcou na quinta para o Rio de Janeiro com o presidente em exercício Michel Temer. Foi a primeira vez que os dois viajaram juntos desde 12 maio, quando Dilma foi afastada do cargo.
O encontro será no Palácio da Alvorada, às 11h. Na prática, Renan terá uma conversa para “preparar” Dilma. Pelas regras definidas, ela poderá fazer um pronunciamento de 30 minutos, mas o prazo pode ser prorrogado pelo próprio presidente do Supremo. Em seguida, os senadores, a acusação e a defesa poderão fazer perguntas à petista, por cinco minutos cada um. O presidente do Senado avisou a Lewandowski, que está no comando do processo de impeachment, que iria conversar com a petista.
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