José Sergio Gabrielli pede para ser excluído do processo que determinou o bloqueio de seus bens pela compra de Pasadena| Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters

Em defesa apresentada ao Tribunal de Contas da União (TCU), o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli pede para ser excluído, junto com outros dez ex-integrantes da Diretoria Executiva da estatal, do processo que determinou o bloqueio de bens dos executivos responsáveis pela compra da refinaria de Pasadena (EUA). Caso o pedido não seja aceito, ele solicita que o Conselho de Administração que autorizou o negócio em 2006 seja responsabilizado pelo prejuízo da compra. Dilma Rousseff (PT) era presidente do conselho à época.

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Em decisão preliminar de julho do ano passado, o TCU isentou o Conselho de Administração. Na segunda-feira, em resposta à reportagem, o tribunal não descartou a possibilidade de arrolar Dilma e os demais ex-conselheiros no processo sobre a compra da refinaria. Segundo o tribunal, o prejuízo da Petrobras com o negócio foi de US$ 792 milhões.

A alegação de Gabrielli repercutiu ontem. O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas (PT), disse que não há motivos para responsabilizar a presidente Dilma. "Quem causou prejuízos à Petrobras por cometer maus feitos obviamente que vai ser responsabilizado", disse, isentando Dilma. "Quem cometeu crime contra a empresa pública tem de ser punido sob ponto de vista penal, ter seus bens bloqueados. Mas não tem nenhuma responsabilização da presidenta Dilma sobre esse assunto", disse.

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Justificativa

No texto de 64 páginas entregue ao TCU, Gabrielli diz que não se sustenta a justificativa de Dilma de que o relatório de Nestor Cerveró – então diretor de Internacional da Petrobras– era falho por omitir que o contrato tinha duas cláusulas potencialmene lesivas à estatal: a Marlim (que garantia rentabilidade mínima de 6,9% à Astra Oil, parceira da Petrobras na refinaria) e a Put Option (que obrigava a Petrobras a comprar a parte da sócia se houvesse divergência de gestão).

De acordo com a defesa de Gabrielli, o Conselho tinha "obrigação de fazer uma avaliação criteriosa" de todos elementos do contrato antes de autorizar a compra, e contava com "os mesmos elementos fornecidos pelas mesmas pessoas" com os quais a diretoria tomou a decisão.

Diferença

Conforme o documento assinado pelo advogado Antonio Perilo Teixeira, o estatuto da Petrobras confere ao Conselho de Administração poderes executivos. "Esse fato é demonstrado na própria aquisição de Pasadena, tendo visto que a diretoria havia aprovado sugestão de Cerveró de adquirir a segunda metade da Astra mas essa posição foi rejeitada pelo Conselho", diz o texto.

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É com base no estatuto que Gabrielli pede que os integrantes do Conselho também sejam responsabilizados.