A crise interna do PT teve mais um capítulo nesta sexta-feira. E, novamente, o deputado federal José Dirceu precisou mostrar força para não perder espaço no Campo Majoritário, a tendência que domina o partido atualmente.
Mas, desta vez, o ex-ministro e outros petistas envolvidos no escândalo do mensalão tiveram de ceder um pouco. Pressionado por opositores, ele abriu mão antecipadamente de qualquer vaga na direção nacional do partido, caso o Campo Majoritário vença as eleições do PT no próximo dia 18.
Em uma tensa reunião em São Paulo, que começou à tarde e avançou noite adentro, alguns integrantes do Campo Majoritário exigiram que Dirceu e os demais parlamentares citados nas CPIs deixassem a chapa. O deputado, que corre o risco de ter o mandato cassado na Câmara, não se abalou e insistiu em permanecer.
- Eu não saio de jeito nenhum. Isso aí é prejulgamento - teria afirmado Dirceu.
Insatisfeitos, os opositores de Dirceu ofereceram uma opção conciliatória: os envolvidos nos escândalos ficariam na chapa mas não poderiam assumir cargos no partido até que fossem inocentados nas investigações do Congresso. Dirceu continuou irredutível e também não aceitou o acordo.
Diante do quadro, o assessor especial do presidente Lula para questões internacionais, Marco Aurélio Garcia, ameaçou deixar o Campo Majoritário caso o impasse persistisse, segundo informou o analista político Franklin Martins na GloboNews. Dirceu, então, aceitou enfim a proposta e se comprometeu, segundo sua assessoria, a não assumir cargos de direção no partido caso a chapa vença a eleição petista.
O líder do governo no Senado, Aloisio Mercadante, propôs a realição de um congresso nacional do PT até o fim do ano, com poderes para mudar a linha de atuação do partido.
- Já tivemos dois congressos na história do PT e acho que a crise atual exige esse instrumento, para que a militância toda possa discutir a estrutura, a dinâmica, o funcionamento e a democracia interna. Acho que o PT deve ser reestruturado - afirmou Mercadante.
Outra ameaça de crise nesta sexta-feira rondou o deputado Ricardo Berzoini, secretário-geral e candidato à presidente do PT. Um grupo tentou substituí-lo por Paulo Frateschi, presidente estadual do PT, ou pelo ex-ministro Nilmário Miranda (Direitos Humanos) na chapa. Berzoini conseguiu manter sua candidatura a presidente pelo Campo Majoritário, mas saiu enfraquecido, sem unanimidade em torno de seu nome, a duas semanas do pleito.
A fragilidade da candidatura de Berzoini foi exposta por vários integrantes do Campo Majoritário, que reclamaram de suas posições de críticas à política econômica do governo e da forma como seu nome foi escolhido, sem consulta à maioria dos integrantes. Berzoini teve duas reuniões na manhã desta sexta-feira com os grupos que não querem sua candidatura e não conseguiu convencer a todos.
- Há uma grande maioria que defende a manutenção da minha candidatura. Até agora, continuo disposto a disputar e vencer - disse Berzoini.
Ainda na noite desta sexta-feira, Berzoini participou de um debate com outros seis candidatos à presidência do PT, na sede do sindicato dos bancários em São Paulo. Um dos candidatos da esquerda petista, Plínio de Arruda Sampaio, acusou o Campo Majoritário de ser o culpado pela crise política no governo. Berzoini admitiu que alguns companheiros cometeram erros para negou que o PT seja um partido corrupto.
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