O diretor do Departamento de Ensaios da Embraer, Sérgio Mauro Costa, informou nesta sexta-feira, em depoimento ao delegado da Polícia Federal Renato Sayão, responsável pelo inquérito que investiga a queda do Boeing da Gol, que antes de ser entregue, o Legacy que colidiu com a aeronave passou por sete testes, três deles na presença dos compradores, a ExcelAire. Segundo a Embraer, os testes não detectaram nenhum problema nos equipamentos de segurança do Legacy, inclusive no transponder - equipamento que emite sinais do avião para os radares em solo - por isso a compra foi fechada.
Um relatório parcial sobre as investigações deve ser apresentado no dia 5 de novembro. O inquérito foi instaurado no dia 5 de outubro e pode ser prorrogado por mais 30 dias.
As caixas-pretas do Boeing e do Legacy mostram, no entanto, que o transponder do jato estava inoperante no momento da colisão.
Sérgio Mauro informou também que os pilotos americanos Joseph Lepore e Jan Paul Palladino receberam em mãos o plano de vôo do Legacy. Segundo ele, o plano de vôo foi entregue por uma empresa terceirizada contratada pela Embraer, cujo nome ele não revelou. Ele disse ainda que o plano de vôo foi eletronicamente enviado para o Centro de Controle Aéreo (Cindacta) de São José Campos, de onde a aeronave partiu.
O plano de vôo previa que a aeronave voaria a 37 mil pés até Brasília, quando baixaria a 36 mil pés até o ponto cartográfico Teres, de onde subiria para 38 mil pés, o que evitaria o choque com o Boeing da Gol, que voava a 37 mil pés, vindo de Manaus.
O diretor da Embraer entregou a Sayão os manuais e outros documentos da aeronave. Ao deixar o hangar da PF no aeroporto de Brasília, Sérgio Mauro, que também é piloto de jatos e está há 30 anos na Embraer, não conversou com os jornalistas.
Segundo a assessoria de imprensa da PF, depois de receber os documentos requisitados ao Ministério da Defesa, entre os quais a cópia da transcrição das caixas-pretas do Legacy e do avião da Gol, e ouvir os controladores e supervisores de vôo que trabalhavam no dia do acidente (29 de setembro), o que deve ocorrer nos próximos dias, o delegado deve tomar o depoimento dos pilotos do jato. Joe Lepore e Jan Paladino estão impedidos de deixar o Brasil porque o passaporte deles foi retido por decisão judicial.
Mesmo se a Justiça resolver liberar os passaportes, os pilotos deverão ser ouvidos por Renato Sayão. Isso porque ficou acertado com os advogados de Lepore e Paladino que os dois vão prestar depoimento antes de voltar para os Estados Unidos.
Ainda falta uma vítima a ser identificada
Nesta sexta-feira, as equipes da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Exército retomam as buscas por vestígios do corpo da última vítima a ser identificada: o bancário Marcelo Paixão, 28 anos, de Brasília. Até agora, o Instituto Médico Legal (IML) de Brasília ainda não reconheceu a presença do bancário entre os restos mortais que estão sendo analisados.
Nesta quinta-feira, o IML confirmou a identificação de mais uma vítima do desastre, aumentando para 153 o número de vítimas reconhecidas pelo IML. A 153ª vítima é a bióloga Joana D'Arc Ribeiro, de 53 anos, do Amazonas. A identificação - por teste de DNA - foi feita a partir de fragmentos do corpo trasladados do local do acidente. O único que ainda não foi reconhecido é o bancário brasiliense Marcelo Lopes, de 28 anos. O IML espera identificar o corpo de Marcelo até o fim desta semana, já que os peritos aguardam resultado de testes de DNA em alguns fragmentos.
A Aeronáutica também informou nesta quinta-feira que mais 15 militares do Exército especializados em operações de caça-minas chegam ao local do acidente para tentar localizar o cilindro de voz da caixa-preta do avião (que conteria registros das conversas dos pilotos com a torre de controle) com a ajuda de detectores de metal.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Deixe sua opinião