Documentos bancários obtidos com exclusividade pela Gazeta do Povo e pela RPC TV revelam que o recém-nomeado diretor administrativo da Assembleia Legislativa, Altair Carlos Daru, recebeu pagamentos irregulares, acima do teto constitucional, entre 2005 e 2009. Daru, que foi chefe de gabinete do deputado Valdir Rossoni (PSDB), recebeu da Assembleia R$ 700 mil em salários no período de cinco anos média de R$ 10,7 mil mensais (valor líquido).
Os valores depositados pela Assembleia na conta de Daru, no banco Itaú, chamam a atenção porque ultrapassam o subsídio do deputado estadual. Pela emenda constitucional 41 de 2003, nenhum servidor do Poder Legislativo pode ganhar mais que um parlamentar. Até o fim do ano passado, um deputado recebia cerca de R$ 9,5 mil mensais líquidos.
O levantamento mostra que Daru recebeu em 2005 uma média de R$ 15,1 mil em remuneração. No mesmo ano, a Assembleia chegou a depositar na conta de Daru R$ 23 mil (valor líquido). No ano seguinte, a média diminuiu para R$ 10,6 mil, mas, mesmo assim, extrapolou o teto previsto na Constituição.
O deputado Tadeu Veneri (PT) cobrou uma explicação pública do presidente Valdir Rossoni e do atual diretor administrativo sobre o pagamento irregular. "Esses fantasmas que ainda venham a aparecer têm de ser explicados porque senão vai pairar uma dúvida sobre a real mudança na Assembleia", disse o petista. Ele acredita que, se for comprovada a irregularidade, o presidente deve afastar o diretor para que ele possa se defender das acusações. "Não pode haver uma blindagem para qualquer deputado ou funcionário. Se as coisas não forem apuradas, estaremos fazendo uma pintura nova numa fachada antiga."
O presidente Valdir Rossoni disse, por meio da assessoria, que não comentaria o caso e garantiu que todos os funcionários contratados por ele receberão os salários em consonância com a lei. Rossoni afirmou que cada caso será analisado individualmente e, se necessário for, haverá correções. Altair Carlos Daru também foi procurado, mas a assessoria da presidência informou que ele não falaria.
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