Dois meses após o desmoronamento da obra da estação Pinheiros do metrô, com sete mortes, o drama de famílias vizinhas à cratera que desabou continua. Agora, famílias que moram nas imediações da cratera querem entrar com ação coletiva contra o Consórcio Via Amarela e o Metrô.
Duas famílias que estavam em hotéis pagos pelo Consórcio tiveram de voltar para suas casas na última quinta-feira. Elas passaram 10 dias num hotel, mas a Justiça decidiu que as residências - uma delas têm até mesmo cômodo interditado - não foram afetadas pela obra da linha 4. A Defensoria Pública, que representa a família, vai recorrer da decisão.
As famílias da publicitária Roberta Marinho, que teve o quarto interditado, e da dona-de-casa Sueli Brandina, que está com a casa visivelmente afundada, já colheram até o momento 15 assinaturas e pretendem entrar com a ação por danos morais e materiais. No caso de Roberta, que tem uma filha de 10 meses, a casa, no número 493 da Rua Amaro Conselheiro, apresenta rachaduras em praticamente todos os cômodos. Na garagem, o muro comum com a casa vizinha se desprendeu da parede da sala.
- Desde setembro do ano passado, quando minha irmã escreveu pedindo providências ao metrô, já caiu pedaço do teto do banheiro, da sala e da laje. A casa, se você olhar da rua, está afundada - disse a publicitária, que mora com outras sete pessoas.
Roberta conta que, num primeiro momento, havia pedido ao Metrô e ao Via Amarela apenas que reparassem as rachaduras e fissuras. Após reclamar das instalações do hotel, voltar para a casa e ver que nenhuma providência será tomada, decidiu entrar com uma ação por danos morais.
- Moro a 147 metros da cratera que desabou e o Consórcio Via Amarela, em nota, afirma que minha casa não é afetada pela obra. Um absurdo - desabafa.
Situação semelhante vive Sueli Brandina, que sofre de pressão alta e recentemente passou por cirurgia no intestino. Moradora da casa de número 53 da Rua Pascoal Bianco, ela diz ter reformado a casa no começo de 2006, pouco antes das rachaduras começarem a aparecer e afundar a residência.
- Tenho uma netinha de 6 anos que tem problemas de asma. Foi um transtorno para ela enquanto estivemos no hotel. Eu, que sofro de pressão alta, passei por vários problemas de saúde, inclusive uma cirurgia no fim do ano passado - conta.
De acordo com a dona-de-casa - que mora com a filha, o genro e a neta - foram gastos cerca de R$ 15 mil na reforma.
- Não é só o dinheiro. Temos problemas também de falta de privacidade e saúde. Tive depressão e muitos gastos médicos - desabafa Sueli, que mora em Pinheiros desde que nasceu, há 52 anos.
Em nota, o consórcio diz que desde a data do acidente sempre manteve a disposição de ajudar as famílias das vítimas e aos moradores da área vizinha, que tiveram imóveis interditados, demolidos ou danificados pela obra. O Consórcio informa que já enviou 78 laudos da casas da área e o IPT já aprovou a liberação de 35, dependendo do aval da Subprefeitura de Pinheiros.
Segundo o Consórcio, até agora, foram fechados cinco acordos com famílias das vítimas fatais e 27 acordos com inquilinos de imóveis de ruas próximas. Também foi fechado com os proprietários da van soterrada e três acordos com pessoas que tiveram seus carros destruídos no acidente.
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