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Foto Alberto Youssef, tirada em 2015 | Alex Ferreira/Câmara dos Deputados/Arquivo
Foto Alberto Youssef, tirada em 2015| Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados/Arquivo

Três anos depois de ser preso pela Operação Lava Jato, Alberto Youssef conseguiu nesta sexta-feira (17) o direito de voltar para as ruas. O doleiro, acusado de ser o principal operador de propinas no bilionário esquema de corrupção na Petrobras, conseguiu a progressão de regime de cumprimento de pena e pode agora deixar seu apartamento, em São Paulo, onde cumpria prisão domiciliar. O benefício decorre do acordo de colaboração premiada que fechou com a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF).

O doleiro, no entanto, terá que permanecer com tornozeleira eletrônica e algumas restrições: recolhimento domiciliar noturno, entre as 20 e as 6 horas do dia seguinte; recolhimento domiciliar integral nos feriados e finais de semana; vigilância eletrônica por tornozeleira nos períodos de recolhimento domiciliar; ­proibição de mudar-­se de endereço ou de viagem ao exterior sem autorização do Juízo; ­proibição de viagens para fora da cidade de seu domicílio sem autorização do Juízo; apresentação de relatórios semestrais por escrito a fim de esclarecer suas atividades.

A ordem é do juiz federal Sergio Moro, dos processos da Lava Jato, em Curitiba. O criminalista Antonio Figueiredo Basto, defensor de Youssef, vai recorrer da decisão de manutenção da tornozeleira eletrônica. Ele deve apresentar uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF).

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“Alberto Youssef foi condenado por diversos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Deveria permanecer preso por vários anos considerando sua elevada culpabilidade. Entretanto, forçoso reconhecer que colaborou significativamente com a elucidação de vários casos criminais no âmbito da assim chamada Operação Lava Jato e igualmente para outras investigações criminais”, escreveu Moro, em decisão , desta sexta, 17.

“Além de confessar a sua culpa, renunciou seus direitos sobre patrimônio considerável conforme descrição contida nas cláusulas 7ª e 8ª do acordo, o que permitiu a recuperação de parte do produto do crime que lhe foi direcionado, espera-­se que tudo, com a indenização da vítima. Assim, natural que, apesar de sua culpabilidade, receba benefícios”, escreveu Moro.

Soltura

Youssef deixou a cela de 12 metros quadrados, em que passou 2 anos e 8 meses de sua vida, em 17 de novembro de 2016. Dono da mais complexa e sofisticada lavanderia de dinheiro, a serviço de empreiteiras, partidos, agentes públicos e políticos envolvidos no esquema Petrobras, Youssef cumpriu mais 4 meses de prisão domiciliar.

O direito à liberdade foi o prêmio obtido pelo doleiro, em troca da confissão de culpa nos crimes contra a Petrobras e da entrega de provas de novos delitos, ainda desconhecidos da força-tarefa da Lava Jato. Pelo acordo, fechado em setembro de 2014, sua pena máxima de prisão ficou limitada a 3 anos.

Junto com o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, Youssef foi o primeiro delator da Lava Jato. Os dois confessaram à Justiça serem braços do PP no esquema de arrecadação de propinas na Petrobras.

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A partir das confissões de Youssef e Paulo Roberto Costa - que também deixou a cadeia, no último mês -, a Lava Jato tomou nova proporção. São mais de 80 condenados, penas que somadas ultrapassam 1 mil anos de prisão, mais de R$ 6,4 bilhões em propinas e a descoberta que corrupção era a “regra do jogo” em todos os contratos do governo.

Braço direito do deputado federal José Janene (morto em 2010) - o ex-líder do PP que deu origem à Operação Lava Jato -, Youssef foi alvo principal da primeira fase das investigações, deflagrada em 17 de março de 2014, e preso na data.

Saúde

Aos 49 anos, com problemas do coração - chegou a ser internado duas vezes durante o período de cárcere -, Youssef mora atualmente em São Paulo, em um novo apartamento, de pouco mais de 50 metros quadrados. O prédio, no entanto, fica num dos metros quadrados mais caros da cidade, o bairro Vila Nova Conceição. Boa parte de sua fortuna levantada com a vida de crimes, como imóveis, carros e outros bens, foi perdida com a Lava Jato.

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