Em cumprimento à 20.ª fase da Operação Lava Jato , chamada de “Operação Corrosão”, duas pessoas foram conduzidas por agentes da Polícia Federal à sede da Superintendência da PF no Rio de Janeiro, na Praça Mauá, região central da capital fluminense, por volta de 9h desta segunda-feira (16). São eles o ex-gerente executivo da área internacional da Petrobras, Roberto Gonçalves, e o operador Nelson Martins Ribeiro. Um dos detidos carregava uma bolsa de viagem. Policiais federais que os acompanhavam levavam vários malotes, aparentemente com material apreendido.
Houve ainda cinco mandatos de conduções coercitivas (quando a pessoa é obrigada a depor e liberada logo em seguida) contra César de Sousa Tavares, ex funcionário da área internacional da Petrobras; Rafael Mauro Comino, ex gerente de inteligência da área internacional; Luís Carlos Moreira da Silva, substituto do Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, e principal consultor do caso Pasadena; Aurélio Oliveira Teles, funcionário da área internacional; e Carlos Roberto Martins Barbosa, também funcionário da área internacional. Já Glauco Colepicolo Legati, gerente de empreendimentos da área internacional, é alvo de busca por parte da PF.
PF abre 20ª fase da Lava Jato para investigar corrupção em Abreu e Lima e Pasadena
Leia a matéria completaA 20.ª fase da Operação Lava Jato investiga funcionários e ex-funcionários da Petrobras. Segundo a Polícia Federal, esta nova etapa da investigação envolve contratos relacionados com as refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Pasadena, nos Estados Unidos.
Ao todo, foram liberados pela Justiça 11 mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão temporária e cinco mandados de condução coercitiva nas cidades de Rio de Janeiro, Rio Bonito (RJ ), Petrópolis (RJ), Niterói (RJ) e Salvador (BA).
Conforme a PF, em um segundo procedimento está sendo apurada a atuação de um novo operador financeiro identificado como facilitador na movimentação de recursos indevidos pagos a integrantes da Diretoria de Abastecimento da Petrobras.
US$ 6 milhões a diretores
A promessa é de que Diego Candolo, apontado como responsável pelo pagamento de propina no exterior pela compra da refinaria de Pasadena, entregue documentos sobre o esquema de corrupção às autoridades do Brasil e da Suíça. Ele já adiantou que, do total distribuído em suborno pela refinaria norte-americana, US$ 6 milhões foram direcionados para diretores da área internacional da Petrobras, comandada por indicados do PMDB.
O nome de Candolo já havia surgido nas investigações sobre uma Range Rover comprada por Nestor Cerveró, ex-diretor Internacional da estatal, em 2012. As informações prestadas pelo novo colaborador, segundo as investigações, são essenciais para desvendar o repasse de recursos a políticos do PMDB. Os investigadores estão convencidos de que Fernando Soares, o Fernando Baiano, não foi o único operador do partido.
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Leia a matéria completaCandolo, de cidadania suíça e panamenha, operava contas na Suíça e em Lichtenstein. Ele aceitou colaborar com as investigações do Ministério Público da Confederação Suíça e da força-tarefa da Operação Lava Jato. Os investigadores chegaram ao valor de propina para a diretoria internacional não só em razão desta colaboração, mas também com a delação de Baiano, que, juntamente com Candolo, intermediava o esquema a favor do PMDB.
O negócio de Pasadena, fechado pela Petrobras em 2006, resultou num prejuízo de US$ 790 milhões à estatal, segundo valores atualizados. No fim do ano passado, relatório da Controladoria Geral da União (CGU) já indicava um rombo de US$ 659,4 milhões.
Os investigados nesta nova fase da Lava Jato responderão pela prática dos crimes de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Os presos nesta nova fase serão trazidos para Curitiba ainda nesta segunda-feira.
A operação Lava Jato investiga um esquema bilionário de corrupção na Petrobras e em outros órgãos da administração pública, com o envolvimento de empreiteiras que formaram um cartel para obter contratos e pagavam propina a funcionários das companhias, a operadores que lavavam o dinheiro do esquema, e a políticos e partidos.
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