Em jantar na segunda-feira (24) para debater com os líderes da base e da oposição a pauta de votações da semana, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), avaliou que não tem como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não ser tragado pelas denúncias da Operação Lava Jato.
Para Cunha, Renan deverá aparecer na delação que está sendo negociada pelo lobista Fernando Baiano, preso há nove meses e já condenado a 16 anos de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Baiano é apontado nas investigações como responsável por intermediar o pagamento de propinas a políticos do PMDB.
Na conversa com os deputados, Cunha comentou ainda que Baiano poderia “entregar” o empresário Milton Lyra, identificado pelo presidente da Câmara como um operador de Renan em esquema de corrupção.
Renan e Cunha, que ensaiaram uma aproximação no início do ano para enfraquecer o governo Dilma Rousseff, voltaram a se afastar há algumas semanas, depois que o presidente do Senado retomou a relação com o Planalto e apresentou a Agenda Brasil.
Como apenas Cunha e o senador Fernando Collor (PTB-AL) foram denunciados na semana passada, o presidente da Câmara atribuiu a exclusão de petistas e de Renan a um “acordão” para atingi-lo.
Cunha reafirmou considerar a denúncia do MP “vazia” e disse que seus auxiliares jurídicos o tranquilizaram, alegando que não é consistente o material apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Cunha admitiu que pode ser citado novamente nas delações, mas disse estar seguro de que não haverá provas materiais que o incriminem.
Cunha também disse esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF) leve um longo tempo até decidir se irá acatar ou não a denúncia. “O Supremo está há dois anos e meio para decidir se aceita ou não o pedido de denúncia contra Renan. Não dá para ter dois pesos e duas medidas”, comentou, referindo-se à denúncia apresentada pelo MP em janeiro de 2013 contra Renan, acusado de ter a pensão de sua filha paga por lobista da Mendes Júnior.
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