Proibir a circulação de veículos no Centro de Curitiba e abrir o Rio Belém no Centro Cívico para fazer a despoluição. Essas são algumas das propostas do candidato Maurício Furtado (PV) para a prefeitura de Curitiba, caso seja eleito no dia 5 de outubro. Furtado foi sabatinado na tarde desta terça-feira (16) pelos jornalistas da Gazeta do Povo. Leia os principais pontos da entrevista no Blog do Minuto
"Pensamos na cidade daqui a 20, 25 anos", afirmou Furtado, explicando os projetos que propõe. Para o candidato do PV, o prefeito Beto Richa (PSDB), que disputa a reeleição, é ruim para administrar, mas existe um comodismo na população também fruto da falta de oposição ao prefeito na Câmara de vereadores.
"Estamos num nível onde a mediocridade virou mérito. Tem um comodismo, as pessoas não estão querendo assumir um compromisso", disse Furtado. Segundo ele, isso tem ajudado a vantagem do prefeito Beto Richa nas pesquisas de intenção de voto. Mesmo criticando a atuação dos vereadores do PV, Furtado disse que é a bancada do partido que dá força para ele continuar na política. "Concordo que a oposição dormiu durante os quatro anos (da gestão de Beto Richa)", afirmou. O candidato acredita que a bancada do PV vai crescer nestas eleições. "Temos uma possibilidade muito grande de ganhar credibilidade", prevê.
A falta de identificação do partido, segundo Furtado, é um dos problemas para a pouca participação de vereadores do PV na Câmara.
Trânsito
Maurício Furtado defendeu o fechamento de ruas centrais de Curitiba para carros. Segundo o candidato, o bloqueio seria num raio de um quilômetro, o que representaria três quilômetros quadrados no total sem o trânsito de veículos particulares, apenas ônibus, carros de moradores e comerciantes.
"Vamos estimular novos negócios no Centro, o comércio de rua, a construção imobiliária", disse. "Pensando num prazo mais longo, fazer trincheiras só transfere o congestionamento para outra região. Estamos pensando numa cidade diferente. A qualidade de vida tem que ser um referencial para a cidade e para o turismo", disse.
Para o candidato, é fundamental que as pessoas usem menos carros. Furtado não soube dizer em quais ruas o trânsito seria impedido, pois isso seria feito após um estudo. O metrô, segundo o candidato do PV, não vai resolver os problemas de trânsito da cidade. "Vamos tocar a obra [do metrô], mas isso não vai resolver o problema do trânsito", disse. Furtado afirmou que vai valorizar o transporte coletivo com o bloqueio de circulação de carros no Centro. Pela proposta do candidato também seriam colocados ônibus híbridos, que utilizariam energia elétrica em vias circulares na região central.
"Precisamos mostrar preocupação com o trânsito. Estamos crescendo num ritmo que passaremos para 2 milhões de automóveis nos próximos 6 anos. Isso será um assunto principal nos próximos anos", afirmou. "Não sou contra o metrô, até torço para que dê certo, mas não tem nada definido", criticou.
Transporte coletivo
Furtado também defende a implantação do ônibus executivo em Curitiba. "Isso existe em várias cidades do Brasil. Nós temos demanda para isso em algumas áreas", disse. Esses ônibus executivos não teriam pontos para subir e nem para descer, as pessoas poderiam pedir para descer em qualquer lugar, desde que esteja no trajeto do ônibus. "Temos que pensar nisso novamente", afirmou. "O transporte precisa ser melhorado. Deveríamos ter mais táxis, talvez de outra categoria. Tudo isso para tirar as pessoas dos carros", disse. O candidato afirmou que usa bicicleta todos os dias para se locomover, mas ainda não conseguiu abandonar o carro. "Comprar um carro é uma conquista, não podemos tirar isso das pessoas, combater isso. Não está errado, mas não dá para imaginar que as pessoas vão precisar usar todos os dias os carros, para ir e voltar do trabalho. O trânsito não desperta em nós as melhores qualidades", disse.
Meio ambiente
A proposta do candidato é tratar todos os rios de Curitiba, começando pelo Rio Belém. "Somente será possível recuperar o rio quando impedirmos que esgotos clandestinos cheguem ao rio", disse. O candidato propõe construir galerias fechadas nos dois lados da margem do rio para solucionar o problema. "As enchentes também diminuiriam", afirmou.
Maurício Furtado afirma que tem projetos para o tratamento das águas dos rios de Curitiba. "Não tenho a previsão de gastos para fazer isso, mas existem financiamentos para essa questão", afirmou. Furtado disse que durante um mandato é possível despoluir o Rio Belém. "A despoluição dos rios começariam pelo Centro. O rio no Centro Cívico vai ser aberto novamente na administração Verde", disse. As obras no Centro levariam de três a quatro anos. Nas ruas ao lado do Rio Belém o candidato pretende fazer parques lineares, nos 22 quilômetros de extensão do rio.
Sobre o consórcio do lixo, Maurício Furtado afirmou que interromperia a licitação que hoje é feita pela prefeitura de Curitiba. O candidato afirmou que a visão "centralizadora" da prefeitura está errada. "Esse é um exemplo bastante significativo do que houve com o meio ambiente em geral em Curitiba. Não vejo nenhum avanço nessa área", disse.
"Não vou ficar atirando pedras. A administração atual tem responsabilidade para resolver o assunto do lixo", disse. Furtado afirmou que caberiam uma dúzia de aterros em Curitiba.
Críticas ao Ippuc e à Linha Verde
O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) recebeu duras críticas de Maurício Furtado. "Como decorador e jardineiro o Ippuc é um grande órgão", ironizou Furtado ao citar as flores plantadas ao longo da Linha Verde. "Como fonte de idéias o Ippuc encerrou o ciclo, não é por falta de gente qualificada. Não sei o que falta no Ippuc", disse.
Sobre a Linha Verde, Furtado disse que o projeto tem "problemas estruturais sérios". O candidato disse que não existem sistemas de segurança e criticou a disposição das pistas. Segundo Furtado, as pessoas terão dificuldades para atravessar de um lado ao outro da via, pela quantidade de pistas e velocidade dos veículos. "Acho que a Linha Verde vai se tornar numa Linha Vermelha pelo tanto de atropelamentos que vai ter, infelizmente", disse.
Financiamento de campanha
O candidato disse que foi o primeiro a divulgar o nome dos doadores da sua campanha na internet, com informações detalhadas de valores e CPF dos doadores. Furtado defende que esse é um tipo de informação que as pessoas precisam ter. "É uma oportunidade de melhorarmos as campanhas", disse. O candidato disse que o PV arrecadou R$ 120 mil e já gastaram R$ 102 mil. Esse foi o teto e o partido não vai gastar mais.
Mensagem final
"Votem 43 para prefeito e para vereadores", pediu Furtado. O candidato disse que não tinha vivência em campanhas e ficou nervoso nas primeiras entrevistas. "O que me trouxe até aqui é o sentimento que podemos mudar e temos que mudar. Só vamos conseguir resolver os problemas quando pudermos oferecer uma melhor educação para as crianças", disse.
"Temos que dar a oportunidade para as pessoas. Primeiro lugar é a educação e a esperança de poder mudar", definiu. Os candidatos Gleisi Hoffmann (PT), Carlos Moreira (PMDB), Beto Richa (PSDB), Fabio Camargo (PTB), Ricardo Gomyde (PCdoB) e Lauro Rodrigues (PTdoB) também foram entrevistados.
Leia na edição de quarta-feira (17) da Gazeta do Povo toda a cobertura sobre a entrevista de Maurício Furtado (PV)
- Gleisi aponta a saúde como prioridade e diz estar preparada para o governo
- Moreira promete esquentar a campanha e aumentar críticas
- Beto Richa já fala como reeleito e diz não ter compromisso para 2010
- Fabio Camargo (PTB) chama projeto do metrô de "estúpido"
- Gomyde pretende implantar o passe escolar e acredita ir longe na campanha
- Lauro Rodrigues diz que não ganhará, mas quer levar mensagem ao eleitor
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