Segundo turno
Tucano pede apoio a Serra
O governador eleito do Paraná, Beto Richa (PSDB), deve se dedicar nos próximos dias à campanha de José Serra (PSDB) no segundo turno das eleições para presidente da República. Pouco antes de encerrar a festa da vitória ontem, no Centro Cívico, Beto atendeu um telefonema de Serra e conclamou todos os presentes para que, a partir desta segunda-feira, se voltem à campanha para a Presidência.
Após a confirmação da vitória, Beto comandou de cima de um trio elétrico a festa de seus eleitores na praça Nossa Senhora de Salete, em frente ao Palácio Iguaçu. Depois de um longo foguetório, um Beto Richa muito animado cantou, dançou e fez um longo agradecimento a toda equipe de campanha, aos prefeitos e lideranças de seu partido no interior e aos milhares de eleitores e cabos eleitorais presentes."Foi difícil enfrentar a máquina federal e estadual e outras forças poderosas, mas conseguimos. Os cientistas políticos e jornalistas de outros estados não entendem, mas aqui tem gente que não se vende. Vamos devolver o Paraná a seus verdadeiros donos: o povo paranaense", discursou Beto. Com a voz embargada, Beto afirmou que não existe a divisão entre capital e interior que, segundo ele, seus adversários tentaram criar na campanha. "Somos todos um único e novo Paraná."
Sandro Moser
Uma análise sobre o desempenho dos candidatos ao governo do Paraná nas diferentes regiões do estado reforça o "apelido" dado a Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT) durante a campanha. Chamado de playboy por Luiz Felipe Bergmann (PSol), Richa saiu vitorioso justamente graças à votação nas maiores cidades, principalmente em Curitiba e região metropolitana. Já Osmar o cowboy, segundo Bergman, obteve vantagem em 7 das 11 regiões do estado, formadas por municípios com menor densidade eleitoral e com características rurais.
A boa votação em Curitiba, cidade da qual Richa foi prefeito por cinco anos e meio, e nas maiores cidades da região metropolitana, garantiu a vitória do tucano no primeiro turno. Na capital, ele obteve uma maioria expressiva, conquistando 66,94% dos votos, no município que concentra 17,2% do eleitorado. Em toda a região metropolitana, incluindo Curitiba, Richa fez 61,44% dos votos.
Há dois anos, Beto Richa foi reeleito prefeito de Curitiba com 77% dos votos válidos e vinha obtendo uma boa média de aprovação de sua segunda gestão. Seu principal adversário, Osmar Dias tentou, durante a campanha, atacar algumas ações do ex-prefeito, como a falta de licitação para o aterro sanitário da cidade, a falta de vagas em creches, ou ainda o investimento feito para as obras da Linha Verde. Mas tais críticas parecem não ter afetado a popularidade do prefeito na capital.
O ex-prefeito também conseguiu boa performance em outros importantes centros urbanos, como Londrina (71,8% dos votos), Cascavel (53,44%), Ponta Grossa (63,74%) e Paranaguá (64,76%).
Domicílio
Osmar Dias obteve vantagem em Maringá, seu domicílio eleitoral. Mas a diferença em relação ao adversário de apenas 7.067 votos teve gosto de derrota. De acordo com os dados oficiais da Justiça Eleitoral, Osmar somou 96.212 votos, que correspondem a 50,65% dos votantes, enquanto Richa fez 89.145 (46,93%). Paulo Salamuni (PV), Luiz Felipe Bergmann (PSol), Avanilson (PSTU), Amadeu Felipe (PCB) e Robinson de Paula (PRTB), que também concorriam ao governo do estado, receberam 4.592 votos na cidade.
Osmar visitou Maringá pelo menos quatro vezes entre julho e outubro deste ano. Em uma delas, no dia 23 de setembro, ele contou com a presença do presidente da República. Lula visitou o município para assinar a ordem de serviço para mais uma etapa de rebaixamento da linha férrea e aproveitou para participar de um almoço com o candidato ao governo estadual, que ele apoiava.
Osmar conseguiu mais votos em outras importantes cidades, como Foz do Iguaçu e Guarapuava, mas a vantagem sobre Beto Richa foi muito pequena, mostrando quase um empate entre os dois. Em Umuarama e Campo Mourão, Osmar teve uma vantagem um pouco maior, assim como em outras pequenas cidades, mas não o suficiente para ultrapassar o tucano.
Diferenças
Em 2006, quando perdeu a disputa para o ex-governador Roberto Requião (PMDB), Osmar Duas venceu em Londrina e também fez mais votos em Foz do Iguaçu (54,5%) do que neste ano. Em Maringá, ele recebeu, há quatro anos, 47,2% dos votos, contra 30,1% dos votos de Requião. Assim como neste ano, Osmar perdeu na região metropolitana de Curitiba na eleição anterior.
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