Brasília e São Paulo - A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, criticou ontem a Caixa Econômica Federal (CEF) ao dizer que a instituição "não pode ter vergonha" de divulgar os números referentes à entrega de moradias do programa Minha Casa Minha Vida. Lançado por Dilma em março de 2009, quando ela era ministra da Casa Civil, o plano prevê a construção de 1 milhão de casas até o fim do ano.
Dados divulgados pela CEF na semana passada indicam que apenas 3.588 unidades foram repassadas até agora para famílias com renda de até três salários mínimos (R$ 1.530). O número corresponde a 0,9% da meta de construção de 400 mil moradias para essa faixa salarial. "A Caixa não devia ficar com vergonha de dizer que entregou menos casas", afirmou Dilma, após conversar com o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Lyrio Rocha. "Isso está errado. Tinha de explicar de forma tranquila, e não esconder o número. Até porque não podia ser diferente. Seria um milagre se fosse de outro jeito."
Dilma negou que a meta de 1 milhão de moradias seja "enganosa" e, na guerra de números, garantiu haver 590 mil casas já "contratadas" pelo banco. A petista não escondeu a contrariedade com notícias de que a CEF entregara apenas 565 unidades até agora. Apesar de garantir que a meta será cumprida, a candidata ressalvou que o número pode não ser "cravado". "Pode ser 890 mil, 920 mil ou mesmo 1,4 milhão." Na segunda versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a promessa é ainda mais ambiciosa: construir 2 milhões de casas entre 2011 e 2014.
Agências reguladoras
O coordenador do programa de governo de Dilma, Alessandro Teixeira, disse ontem que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) continuará a ter um papel fundamental no desempenho da economia caso a ex-ministra vença as eleições. "O BNDES é o grande suporte que nós temos na economia. Eu diria que podemos esperar um BNDES cada vez mais parceiro do setor privado e consolidando nossa política de internacionalização das empresas em todos os setores."
Teixeira rejeitou as críticas de que o BNDES utiliza critérios questionáveis na concessão de financiamentos, privilegiando grandes empresas e multinacionais que teriam condições de acessar outras formas de empréstimo. "O BNDES não escolhe empresas, recebe demandas e auxilia o setor privado brasileiro. Essa análise está completamente equivocada", afirmou. "O BNDES não faz exclusão de setores. Ele ajuda todos os segmentos."
Na avaliação do coordenador, as agências reguladoras são fundamentais para a economia brasileira, mas precisam estar alinhadas a uma política de governo. "Elas não podem estar alienadas, como órgãos separados da política de governo. Elas têm de estar alinhadas a uma política de governo e isso só pode acontecer se o Estado brasileiro for eficiente e tiver uma política clara e definida, como nós estamos oferecendo para a sociedade", disse, em entrevista à TV Estadão.
Teixeira disse ainda que um eventual governo Dilma vai perseguir o superávit comercial. Ele acredita ser "difícil" o país registrar déficit comercial a partir de 2011. "Temos de perseguir o superávit comercial, mas se tiver um déficit um ou outro ano não será um problema central", afirmou.
Saúde
Depois de passar por uma bateria de exames na noite de quarta-feira, em São Paulo, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, garantiu ontem que está bem de saúde. "Estou muito feliz. Fizeram os proverbiais exames de imagem, de rotina, e estou muito bem, obrigada", disse ela, depois de conversar com o presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha. Dilma enfrentou um câncer no sistema linfático no ano passado e se submeteu a várias sessões de quimioterapia. Boletim médico divulgado ontem pelo Hospital Sírio Libanês atesta que o estado de saúde de Dilma é "excelente".
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