A poucas horas do primeiro debate entre os principais candidatos à Presidência da República, a ex-ministra Dilma Rousseff (PT) mostrou como pretende rebater, durante o programa, eventuais acusações que apontem ligação entre o PT e a narcoguerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), tema que vem sendo explorado pela campanha de José Serra (PSDB).
Questionada sobre o caso da mulher de um ex-guerrilheiro das Farc, professora consursada no Paraná cedida à União em 2006 em um pedido assinado pela Casa Civil, Dilma, que comandava a pasta à época, disse que foi um ato "protocolar". E rebateu: disse que "a oposição também recebeu as Farc" e citou a liberação do ex-guerrilheiro Olivério Medina em 2000, durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
"É bom a gente lembrar, e é só fazer pesquisa nos jornais e ver quantas vezes a oposição também recebeu as Farc. Aliás, até o presidente Fernando Henrique Cardoso, se não me engano, soltou o marido [Olivério Medina, acusado de homicídio e terrorismo na Colômbia e suposto 'embaixador' das Farc no Brasil] dessa senhora [Ângela Slongo], foi ele quem soltou no Brasil o marido dessa senhora. Então é uma questão muito relativa. Não vou usar esses fatos para ficar especulando uma relação entre a oposição e as Farc. Agora, se a oposição quer fazer isso, acho que é uma atitude que não é correta", disse a petista.
A ex-ministra afirmou que passou a tarde reunida com assessores e também em um compromisso pessoal, para "visitar uma pessoa que não está bem". Disse não estar ansiosa em relação ao debate. "Estou achando até que é uma ótima oportunidade. Tenho as melhores expectativas, que seja um debate de alto nível", disse.
"Artilharia" do debate
Na entrevista, convocada de última hora no hotel onde DIlma está hospedada em São Paulo, a ministra fez uma espécie de treinamento para o debate. Sem que jornalistas citassem o tema, abordou, por exemplo, os dados de geração de emprego no Brasil em 2009, divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta quinta-feira (5).
"É um desempenho extraordinário, no monento em que nos EUA, na Europa, você tem perdas brutais de emprego", afirmou.