Foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o autor da estratégia adotada por Dilma Rousseff (PT) no debate de domingo da Rede TV! em relação à ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. Na semana passada, Lula disse à candidata do PT que ela não demonstrava "indignação" ao falar de Erenice e parecia passar a mão na cabeça da ex-auxiliar.
Dilma treinou várias vezes a resposta sobre Erenice, certa de que seria questionada sobre o assunto. "As pessoas erram e Erenice errou. Considero a questão de Erenice com muita indignação", afirmou a petista, recorrendo até à mesma palavra usada pelo presidente.
A tática foi repetida ontem, em entrevista da candidata ao Jornal Nacional, da TV Globo. Ex-ministra da Casa Civil, Dilma aposta agora no efeito bumerangue para voltar a acusação contra o candidato do PSDB, José Serra, e dizer que, enquanto o governo Lula "investiga e pune", o tucano "acoberta e não pune". Trata-se de uma referência ao ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, suspeito de ter desviado doações da campanha do PSDB.
Nos bastidores, porém, Dilma admite que o escândalo envolvendo Erenice - acusada de nomear amigos e parentes que comandaram um esquema de tráfico de influência no gabinete próximo ao presidente - pesou mais para a realização do segundo turno do que a polêmica do aborto.
Convencido de que a crise na Casa Civil tinha alto potencial de desgaste, o marqueteiro João Santana foi um dos maiores defensores da demissão de Erenice, ocorrida em 16 de setembro. "Aquilo tudo foi muito doloroso para Dilma. Ela confiava em Erenice e ficou muito machucada", contou o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho.
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