Petistas negam que Dilma esteja envolvida e acusam tucanos
O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, voltou ontem a negar o envolvimento do partido e da pré-campanha de Dilma Rousseff na violação de dados fiscais de pessoas ligadas a José Serra (PSDB). E acusou os tucanos de serem os responsáveis pela quebra do sigilo acusação que o PT já vinha fazendo há várias semanas, bem antes do depoimento do jornalista Amaury Ribeiro Jr., acusado de ser o mentor da violação dos dados. "Parece mais uma briga instalada dentro do tucanato que quiseram colocar no nosso colo."
Aécio rechaça denúncia; presidente tucano diz que é um factóide do PT
O ex-governador de Minas Gerais e senador eleito Aécio Neves (PSDB) rechaçou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, qualquer ligação com o episódio da quebra do sigilo fiscal de pessoas vinculadas ao presidenciável José Serra (PSDB).
Polícia não comprova uso eleitoral dos dados
A Polícia Federal (PF) informou ontem que, no inquérito que aponta o jornalista Amaury Ribeiro Jr. como o mandante da quebra do sigilo fiscal de pessoas ligadas a José Serra (PSDB), "não foi comprovada sua utilização [dos dados] em campanha política" o que na prática isenta tanto o ex-governador mineiro Aécio Neves como a petista Dilma Rousseff, embora os depoimentos levantem a suspeita do contrário.
Brasília - A quebra do sigilo fiscal de parentes e pessoas ligadas ao candidato tucano à Presidência, José Serra, teria sido encomendada no ano passado, em um primeiro momento, pela ala do PSDB que defendia a candidatura ao Palácio do Planalto do ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB) para só depois abastecer a pré-campanha de Dilma Rousseff (PT).
A acusação, que envolve tanto os tucanos como os petistas no escândalo do vazamento de dados da Receita Federal, consta do depoimento à Polícia Federal (PF) do jornalista Amaury Ribeiro Jr., apontado como o responsável por encomendar os dados sigilosos dos parentes de Serra e dirigentes tucanos dentre os quais a filha do candidato, Verônica Serra; o marido dela, Alexandre Bourgeois; e o presidente nacional do PSDB, Eduardo Jorge Caldas. O depoimento, que durou 13 horas, ocorreu na semana passada.
O jornalista disse à PF que iniciou seu trabalho de "investigação" de pessoas ligadas a Serra em 2009, quando era funcionário do jornal Estado de Minas veículo de comunicação do qual não é mais empregado.
O objetivo do levantamento de dados seria "proteger" Aécio Neves que à época disputava internamente no PSDB a candidatura à Presidência. Nos bastidores, especula-se que o material poderia ser usado contra o presidenciável paulista para desestabilizar a pré-candidatura dele e, assim, beneficiar Aécio na disputa interna o que acabou não ocorrendo.
Ribeiro Jr. não admitiu, porém, que pagou pelos dados nem que pediu a quebra de sigilo fiscal dos tucanos. Mas o despachante Dirceu Rodrigues Garcia, identificado pela PF como o intermediário da quebra do sigilo, declarou em depoimento que o jornalista desembolsou R$ 12 mil, em dinheiro vivo, para obter as informações fiscais protegidas por lei.
Garcia confessou que, a pedido do jornalista, encomendou o serviço ao office-boy Ademir Cabral, que pediu ajuda do contador Antonio Carlos Atella que usou uma procuração falsa para violar os sigilos fiscais de Verônica Serra e seu marido, Alexandre Bourgeois, numa agência da Receita Federal em Santo André (SP).
O jornalista Ribeiro Jr. não disse à polícia se recebeu ou não orientação de Aécio ou de outros políticos de PSDB de Minas para levar adiante a "pesquisa". Afirmou que iniciou a apuração após ter tomado conhecimento de que uma equipe de inteligência liderada pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), ligado a Serra, estaria reunindo munição contra Aécio.
Roubo do PT
Ribeiro Jr. contou ainda que os dados que ele havia levantado foram roubados de seu laptop por petistas. Segundo ele, seu computador pessoal foi violado neste ano num quarto de hotel em Brasília. O material seria supostamente usado contra Serra durante a atual campanha eleitoral.
Na época em que os dados do computadores foram roubados, o jornalista Ribeiro Jr. já teria migrado da pré-campanha de Aécio para a de Dilma, e estava ligado ao "grupo de inteligência" do comitê da petista. Sua estada na capital, por exemplo, era paga por integrantes do PT.
O jornalista sempre negou que estivesse trabalhando para a campanha do PT, mas ele teria participado de uma reunião da "equipe de inteligência" da pré-campanha de Dilma no dia 20 de abril, num restaurante de Brasília.
A existência do "grupo de inteligência" foi revelado por uma reportagem da revista Veja em que Ribeiro Jr. atribuía a uma ala do PT o furto de informações do seu computador e o vazamento das informações à imprensa "por interesse político". O vazamento estaria relacionado a uma briga interna de aliados de Dilma por contratos na área de comunicação. Na ocasião, outro jornalista, Luiz Lanzetta, que seria responsável pelo grupo de inteligência, pediu demissão de sua função.
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