O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, afirmou nesta segunda-feira (6) ver motivação política, mas não eleitoral, no escândalo de vazamento de dados sigilosos da Receita Federal.

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"O que houve foi um crime, crime como é a invasão da vida pessoal de qualquer cidadão. (...) Não acho que seja eleitoral [a motivação], como muitos setores acham. Tem a ver com a democracia, estilo e características de atuação do PT. Que é um partido que convive com a democracia, mas não convive bem, convive com desconforto. Porque no fundo não são democratas. O PT no fundo da alma, e até na superfície, não é democrático", afirmou o tucano durante sabatina realizada pelo Grupo Estado.

O candidato citou a violação dos dados de sua filha Veronica e comparou a situação sua saída do Brasil na época da ditadura. "Apontaram uma arma para a cabeça do meu filho, ele era um bebê e estava no meu colo. Minha filha viu eu ser preso e algemado com 4 anos de idade. Aí vem para o Brasil e seus direitos são desrespeitados desse jeito. Meter a família no meio?"

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Veronica teve seu Imposto de Renda acessado por meio de uma procuração falsa. O procurador pediu filiação ao PT de Mauá, na Grande São Paulo em 2003. O partido diz que a filiação não foi efetivada. O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) afirma que houve registro de filiação. Neste fim de semana, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que um analista de Minas Gerais suspeito de ter acessado os dados fiscais do vice-presidente do PSDB Eduardo Jorge dez vezes é filiado ao PT desde 2001.

O tucano também comentou na sabatina declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o escândalo: "Acho que ele fez alusão debochada, fez deboche de questão que é bastante séria."

Sem citar o nome de Serra, Lula afirmou no fim de semana que "o bicho anda com uma raiva" e criticou a postura de Serra diante das denúncias, afirmando que "ninguém precisa baixar o nível da campanha, ninguém precisa tentar transformar a família em vítima".

No domingo (5), ao comentar as declarações de Lula, Serra evitou confronto: 'Não vou ficar batendo boca com o Lula, mas o Lula poderia pensar o seguinte: Dilma [Rousseff, candidata do PT] já está à sombra dele na campanha, na concepção da candidatura. Agora, ficar à sombra até no debate da campanha?', afirmou dizendo que Dilma deveria participar mais dos debates.

"Operação-abafa"

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Na sabatina desta segunda, Serra voltou a dizer que a Receita tentou esconder os fatos relacionados ao vazamento de dados. "A Receita tem feito uma operação-abafa. Sabam que a procuração da minha filha era falsa. Ganharam tempo antes de admitir isso. Tem procurado desde o começo atrapalhar a investigação, a elucidação daquilo que estava acontecendo."

O G1 procurou a Receita Federal, que informou que o caso está sob investigação. De acordo com a assessoria, o andamento do processo é sigiloso.

José Serra também citou novamente que tinha alertado Lula sobre um possível vazamento de dados sigilosos.

"Eu estive com o presidente Lula em janeiro. Estive em evento da Prefeitura de São Paulo. Deve ter sido em 25 de janeiro (aniversário da cidade). Foi uma conversa amistosa sobre eleições. Ao final, eu disse que minha preocupação eram com ataques à minha filha e outros. Ataques sistemáticos que vinha de alguns meses, no blog Amigos de Lula, no blog da Dilma, que eram semioficiais. Ele disse que não era oficial. (...) Ele disse: 'Eu vou ver'. Eu não reclamei, eu informei."

O candidato afirmou que escolher Dilma para presidente é como "um envelope fechado". "Eu garanto que vocês (jornalistas) têm mais certeza a meu respeito do que da Dilma. O Brasil não foi fundado em 2003 nem se encerra em 2010, tendo chegado ao céu. (...) A escolha vai ficar entre alguém conhecido e testado e um envelope fechado."

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Ao falar sobre sua proposta da criação do Ministério da Segurança, disse ainda que a campanha do PT tem copiado suas propostas. "Basta colocar uma ideia que eles copiam." Citou, entre os temas, o policiamento nas fronteiras e programa de ajuda a gestantes.

Economia

Grande parte das propostas discutidas pelo candidato na sabatina foram da área econômica. Ele criticou as taxas de juros do país. Afirmou ainda que, se eleito, não utilizaria recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para fusões de empresas.