A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), participou de uma cerimônia religiosa na manhã desta sexta-feira (8) e, apesar de abrir a sua fala garantindo que o "Estado brasileiro é um Estado laico", fez algumas citações de orações e falou em nome de Deus em alguns momentos do discurso. "Todos os dirigentes desse País dependem do voto do povo e da graça de Deus, eu também", disse para um público de 5 mil pessoas, durante Congresso Nacional de Mulheres das Assembleias de Deus Ministério de Madureira, no Brás, região central da capital paulista.
A presidente citou por duas vezes um salmo de David. "Feliz a nação cujo Deus é o Senhor". Durante sua fala, Dilma foi aplaudida dezoito vezes e, ao final do culto, recebeu uma bênção da plateia e muitos aplausos.
Dilma reconheceu a importância do trabalho feito pelas assembleias de Deus e destacou que nenhum governo consegue fazer sozinho tudo que precisa ser feito. "Fizemos nossa parte, graças a Deus", disse. "Mas nesses primeiros quatro anos, vimos que um trabalho em parceria é muito mais forte. Nenhum governo, sozinho sem essas entidades, essas instituições, com é o caso da Ciben, sem vocês nós não fazemos sozinhos o trabalho", afirmou, sob aplausos. "Há que ter a humildade política de reconhecer isso".
"Reconheço a autoridade e a qualidade do trabalho prestado ao longo dos 103 anos da igreja evangélica Assembleia de Deus, em todos os Estados, em todos os rincões, nas partes mais isoladas, nas periferias das grandes cidades, no interior", afirmou. Segundo a presidente, o trabalho da igreja tem ajudado a reconstruir histórias de vida e a devolver esperança "aos carentes, aos mais necessitados e aos excluídos".
Após a fala de Dilma, o líder da igreja, bispo Manoel Ferreira, usou um bordão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para agradecer a presença de Dilma. "Nunca ouvi antes, na história deste País, o presidente reconhecer o trabalho das Assembleias de Deus. Nem o Lula, que é meu amigo", afirmou. O bispo disse ter ficado muito satisfeito com as palavras de Dilma. "Creio que todos nós saímos daqui de alma lavada porque a presidente do Brasil disse reconhecer o trabalho das assembleias".
O bispo-presidente Samuel Ferreira também elogiou Dilma e disse que "se sentiu gente" com as palavras da presidente. Ele perguntou à plateia quem também estava se sentindo gente, pedindo que levantasse a mão. A plateia toda manifestou a mesma opinião do líder religioso. "Dilma, nós lhe respeitamos, mas mais do que isso: nós lhe amamos (sic)", afirmou Samuel, pedindo que as palmas para a presidente fossem ainda mais fortes.
Samuel disse ainda que, se um dia a presidente não for aplaudida em algum lugar do País, ela deve se lembrar dessa assembleia e que "há um povo que lhe aplaude", afirmou.
Em discurso, Dilma destacou a importância das mulheres nos programas sociais do governo. Citou o Bolsa Família, o Pronatec, o Minha Casa, Minha Vida, além de esforços para educação, com ampliação e creches, e o Brasil Sem Miséria. "Até aqui, Deus nos abençoou, mas ainda temos um caminhão de coisas a serem feitas", afirmou, para ser novamente aplaudida.
"A gente não muda tudo, nem corre atrás do prejuízo em dez ou doze anos. Essa realidade que nós recebemos é uma realidade de injustiça dura construída por séculos", disse. "Nós fomos capazes de mexer nas bases e construir um novo futuro", afirmou.
Esta é a segunda vez em uma semana que a presidente se encontra com o público evangélico, que soma hoje mais de 40 milhões de pessoas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na quinta-feira passada, Dilma participou da inauguração do Templo de Salomão, complexo religioso construído no mesmo bairro pela Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), com capacidade para receber até 10 mil fiéis.
Acompanham a presidente no evento o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho; o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz; além dos deputados federais Geraldo Magela (PT-DF), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP). No início do ano, Cunha foi um dos principais articuladores do movimento conhecido como blocão, de dissidência da base aliada de Dilma na Câmara.
Nesta sexta à tarde, Dilma fará campanha em Minas Gerais, Estado de seu principal adversário, Aécio Neves (PSDB). A presidente vai visitar as obras da Ferrovia Norte-Sul, em Iturama, a 780 quilômetros de Belo Horizonte, na divisa com São Paulo.
Neste sábado, 09, Dilma volta a São Paulo para participar de caminhada pelas ruas do comércio de Osasco, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do candidato do PT ao governo do Estado, Alexandre Padilha.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink