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Longe dos holofotes, quase todos voltados para Beto Richa (PSDB), Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT), os cinco outros candidatos ao Palácio Iguaçu se esforçam para se fazer ouvir. Cada um ao seu jeito, Bernardo Pilotto (PSol), Geonísio Marinho (PRTB), Ogier Buchi (PRP), Rodrigo Tomazini (PSTU) e Túlio Bandeira (PTC), lutam contra os orçamentos apertados e a falta de divulgação para mostrar o que pretendem fazer caso "virem o jogo" e, surpreendentemente, vençam as eleições de 5 de outubro. Eles passaram pela Gazeta do Povo nesta semana e contam aqui suas ideias.

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Buchi pretende cortar 25 secretarias

Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

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Candidato pela primeira vez ao governo do Paraná, o advogado Ogier Buchi (PRP) refuta as acusações de que seria um "laranja" do atual governador Beto Richa (PSDB) – apesar de ter filhos que já trabalharam no governo estadual e do vínculo com a emissora Rede Massa, de Ratinho Jr. (PSC), da base de Richa. "Eu duvido que um laranja, mesmo um laranja da Pomerânia, tenha a coragem de falar as coisas que eu falo", diz.

Entre as principais promessas para seu eventual mandato, Buchi destaca o corte de 25 secretarias – só teria quatro, de Gestão Pública, Qualidade de Vida, Desenvolvimento Sustentável e Segurança Pública – e de cargos em comissão, para "desinchar" o estado.

Ele garante que parentes não trabalhariam em sua gestão. O filho, Arthur Felipe de Leão Buchi, é funcionário contratado da Secretaria do Desenvolvimento Urbano – que foi comandada por Ratinho Jr. entre 2013 e abril deste ano. E a filha, Maria Eduarda de Leão Buchi Giglio, trabalhou na Secretaria de Comunicação Social, mas foi exonerada.

Há um ano e meio filiado ao PRP, Buchi diz que vai priorizar a valorização dos funcionários públicos, com melhores salários e planos de cargos e carreiras. Ele é contra políticos que "caem"de paraquedas" em cargos de gestão pública. Afirma que vai modernizar órgãos do meio ambiente e as polícias – que devem receber mais armamento e treinamento.

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Buchi também defende a revisão dos contratos de pedágio, e critica a falta de resolutividade dos últimos governos no assunto. Para a saúde, acredita que os problemas só serão resolvidos com conversa entre municípios, estados e União.

Em sua declaração de bens à Justiça Eleitoral, Buchi informou apenas ações da Eletrobras, no valor de R$ 2,8 milhões. Ele diz que casa, carro e outros bens estão no nome de suas empresas. "Não vou ficar fazendo desfile de bens", disse.

Leia a íntegra da entrevista com Ogier Buchi

Bandeira fala em "arrumar a casa" do estado

Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

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"Arrumar a casa". Essa será a primeira medida de Túlio Bandeira (PTC) caso seja eleito governador do Paraná. Em entrevista à Gazeta do Povo, o candidato falou sobre suas ideias e insistiu que o problema está no mau gerenciamento do estado, que gasta muito mais do que arrecada – desnecessariamente, diz. "Gasta-se R$ 100 milhões com 17 secretarias que não são necessárias e falta remédio em posto de saúde, policial na rua, combustível pras viaturas, etc."

Segundo Bandeira, o enxugamento da máquina pública, aliado à melhor utilização dos prédios públicos para reduzir os gastos com aluguel, economia suficiente para que o Paraná tenha recursos para melhorar a segurança pública, a saúde e a educação. Na avaliação do candidato, "falta vontade política no Paraná para resolver as questões".

Nos temas que considera "fundamentais para começar a resolver o problema" – segurança, saúde e educação –, as propostas do presidente estadual do PTC são de separar as funções da Polícia Militar e da Civil, cobrando resultados quantitativos das organizações; equipar e desburocratizar o sistema de saúde; e oferecer ensino integral aos alunos e uma melhor qualificação aos professores.

Sobre sua campanha, Bandeira disse que o financiamento é próprio e que, por isso, precisa ser criativo para fazer com que sua mensagem e suas propostas cheguem aos eleitores de todo o estado, usando principalmente as redes sociais. O candidato ainda reiterou seu apoio à Marina Silva (PSB) para a Presidência e disse que partidos políticos hoje são mais uma questão de conveniência e afinidade, por isso optou por não seguir a orientação do PTC nacional, que apoia Aécio Neves (PSDB).

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Questionado sobre os processos que responde na Justiça, Bandeira afirmou que são apenas duas ações, uma ligada a um acidente de trânsito e outra, segundo ele, resultado de uma perseguição.

Leia a íntegra da entrevista com Túlio Bandeira

Geonísio quer criar o aerotrem Curitiba-Foz

Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

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A experiência partidária e na criação da primeira rede independente de farmácias do Brasil é, para Geonísio Marinho (PRTB), sua credencial para atuar como governador do Paraná. "Quero criar, assim como fiz com o grupo de farmácias, uma marca estadual para que todo tipo de negócio – da indústria, do agronegócio e do comércio – possa se beneficiar e divulgar essa marca no mundo interior como uma marca forte", destaca ele.

O associativismo unido às propostas nacionais do partido ao qual Geonísio é filiado – que tem à frente o candidato à Presidência Levy Fidelix – são as apostas dele para o desenvolvimento do estado. Entre elas, está o projeto de aerotrem que ligaria Curitiba a Foz do Iguaçu. "Temos que ter novas modalidades de transporte e essa é a modalidade mais barata que existe hoje", defende.

Outra bandeira levantada é a privatização dos presídios do estado, o que, unido ao corte de um terço das secretarias e de cargos comissionados, dariam, segundo ele, uma folga nos cofres públicos. O candidato também pretende oferecer cursos a distância para os detentos. "Queremos que ele estude, se qualifique, para que, no momento em que ele sair de lá, se não conseguir emprego de carteira assinada, possa ter seu próprio negócio", diz.

Entre outras propostas, Geonísio defende a implantação de escolas de escotismo para reativar a cidadania e os bons costumes nos estabelecimentos estaduais de ensino. "Está faltando muito disso no nosso país", opina. Para a área da saúde, propõe a criação de polos regionais que compartilhariam as despesas para contração de médicos especialistas. O candidato se compromete ainda com a redução de 50% nos preços de pedágio do estado.

Defensor de ideais conservadores, Marinho não se diz preocupado com a governabilidade caso seja eleito e afirma que vai "negociar" com os deputados eleitos.

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Leia a íntegra da entrevista com Geonísio Marinho

Tomazini prega a mão forte do Estado

Walter Fernandes/ Gazeta do Povo

Militante do PSTU desde 2000, Rodrigo Tomazini participou da luta popular contra a privatização do Banestado e da Copel e tem como a principal proposta de governo o fortalecimento do setor público do estado. Com a campanha mais "barata" entre os postulantes ao Palácio Iguaçu, Tomazini percorre o estado com um limite de gastos de R$ 25 mil. "Nós não aceitamos nada das grandes empresas. Uma campanha para os trabalhadores deve ser 100% financiada pelos trabalhadores", disse. Entre as principais propostas, prega a reestatização do Banestado, o fim do pedágio e a redução de 50% nas contas de luz e de água. Para a educação, propõe o fim das parcerias entre instituições públicas e privadas.

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De acordo com Tomazini, a venda do Banestado no governo de Jaime Lerner foi fraudulenta e sua reestatização é a única forma de realizar as mudanças estruturais que o Paraná realmente precisa. "Com o Banestado no Paraná nós conseguiremos fazer um grande plano de obras públicas a juros quase zero, como é o BNDES", afirmou. Apesar da dificuldade, por causa das diversas ações judiciais que envolvem a venda do banco estatal, o candidato afirmou que a mobilização popular fará com que a Justiça se manifeste. "Se não, cairá em descrédito". A mesma proposta é feita com relação aos contratos de pedágio. O candidato propõe um plebiscito para que a população decida se é favorável ou não ao pagamento. "Caso o povo seja contrário, abrimos as cancelas na hora", disse. "Só com pressão popular essa situação vai mudar."

O candidato quer também a unificação das polícias militar e civil. "A própria ONU já disse que isso é necessário", disse ele, que fala ainda em usar o dinheiro que o estado deixa de arrecadar com as isenções fiscais para abrir mais vagas nas universidades públicas.

Leia a íntegra da entrevista com Rodrigo Tomazini

Pilotto usa candidatura para ‘plantar sementes’

Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

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Uma campanha com "caráter pedagógico", para "plantar sementes", mas ao mesmo tempo com propostas. É assim que o candidato do PSol ao governo do Paraná, Bernardo Pilotto, define sua participação na campanha deste ano. A ideia geral do partido (criado em sua maioria por dissidentes do PT) é criar as bases para chegar ao poder com apoio popular e fazer avançar a sua pauta, que inclui, entre outras propostas, a desmilitarização da polícia, a legalização da maconha e a descriminalização do aborto.

Formado em Ciências Sociais mestrando em Saúde Coletiva na Universidade Federal de São Paulo, Pilotto, de 30 anos, cita como exemplo de "semente" a luta pela tarifa zero no transporte coletivo. "Quando o Bruno [Meirinho, candidato do PSol à prefeitura de Curitiba em 2008 e 2012] defendia a tarifa zero em 2008 a gente foi ridicularizado, as pessoas riam. Hoje pode ter gente que discorda, mas ninguém mais ri", afirma. "De alguma maneira, foi uma semente plantada."

Para Pilotto, a estratégia adotada pelo PSol livra o partido dos riscos enfrentados pelo PT, primeira legenda de esquerda a chegar ao poder no país, em 2002. "A experiência do PT mostra que não dá para ter atalhos na política. Quem tem atalho se desvirtua. Quem tem atalho na política está abraçado com o [José] Sarney."

O candidato diz que suas primeiras ações como governador seriam convocar uma auditoria nas contas do governo e contratar os aprovados em concurso para a área da saúde e para a Defensoria Pública do Paraná. Equipar a Defensoria, aliás, é uma de suas bandeiras para revisar a situação dos detentos e acabar com a superlotação das penitenciárias. "Se a Defensoria Pública não fornece advogado, o PCC [grupo criminoso Primeiro Comando da Capital] fornece." Outra medida na área seria a construção de unidades menores.

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Na saúde, Pilotto pretende criar um laboratório público para a produção de medicamentos. "O estado gasta muito comprando remédios."

Leia a íntegra da entrevista com Bernardo Pilotto