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Depoimentos

Por que quero ser governador do PR

Bernado Pilotto

Beto Richa

Gleisi Hoffmann

Roberto Requião

Tulio Bandeira

*Os candidatos Rodrigo Tomazini (PSTU), Ogier Buchi (PRP) e Geonísio Marinho (PRTB) foram convidados, mas não encaminharam seus textos dentro do prazo combinado.

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Depoimentos

Por que quero ser presidente

Aécio Neves

Eymael

Marina Silva

Mauro Iasi

Zé Maria

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Até os mais convictos acordam em dia de eleição com frio na barriga e uma ponta de dúvida sobre a escolha dos candidatos. Afinal, quem merece seu voto? Para ajudar no último check-list antes de encarar as urnas, seguem cinco perguntas que podem fazer a diferença antes de apertar confirma. A ideia é tentar medir as qualidades "reais" dos políticos – e não apenas aquelas escolhidas a dedo pelos marqueteiros em tempos de campanha.

Honestidade

Você compraria um carro usado do candidato?

O comprador de um automóvel usado precisa fazer algumas checagens para ter certeza de que o vende­­dor não está querendo tirar vantagem. O cenário ideal é que os dois façam um bom negócio. Na política, o raciocínio é parecido, mas não se trata apenas de uma questão de confiança. "Você pode confiar em um político a ponto de emprestar a chave da própria casa para ele, por exemplo. Ele pode ser honesto, mas se for um tonto, não adianta", avalia o professor de Ética e Filosofia Política na USP Renato Janine Ribeiro.

Segundo ele, além de honesto, o político precisa separar a vida pessoal da vida pública. E o eleitor também tem de ter isso em mente. "Um adúltero, por exemplo, pode criar uma situação lamentável, pois faz pessoas do seu círculo pessoal sofrerem. Mas isso ainda se restringe à vida privada. O problema é se um político se aproveita do seu cargo público ou de alguma forma beneficia seu amante." Ribeiro acrescenta que, mesmo quando não há intenção (dolo), o gestor precisa ser responsabilizado.

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A avaliação moral, porém, varia muito de uma sociedade para outra. Na França, por exemplo, não causou comoção a revelação de que o presidente François Mitterand teve uma amante e uma filha. A família "oficial" e a "paralela" se conheceram apenas no funeral do líder francês, em 1996, quando o caso veio à tona. "Se fosse nos Estados Unidos, a reação do eleitorado seria muito diferente", diz Ribeiro.

Sensibilidade

Qual político andaria de ônibus lotado?

Em 1978, a ditadura militar dava sinais de abrandamento quando o presidente Ernesto Geisel apontou como sucessor o chefe do Serviço Nacional de Informações, João Figueiredo. Para popularizar a imagem do escolhido, Geisel começou a chamar o colega de "João do Povo". A estratégia caminhava bem até que, no fim do ano, Figueiredo concedeu uma entrevista em que um repórter resolveu perguntar se o general gostava do "cheiro do povo". A resposta: "cheirinho de cavalo é melhor".

Desde a volta das diretas, em 1989, nenhum presi­­denciável voltou a colocar em xeque o odor do eleitorado. Abraçar criancinhas virou ritual básico. Mas nem sempre é sincero.

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Nas manifestações de 2013, a classe política foi surpreendida por críticas e demandas reprimidas. O episódio evidenciou como a maioria dos políticos não tem conexão com a vida real do cidadão. "Quando caminho pelas ruas, tomo um ônibus, vejo como as coisas real­­mente estão, me questiono se algum candidato faz isso de fato. Será que já caminharam pelas calçadas, tomaram ônibus cheios, viram os problemas que atrapalham a vida de todos? Parece difícil acreditar que estamos no mesmo mundo", observa a escritora Cléo Busatto.

"Uma das qualidades que o eleitor precisa saber identificar em um candidato é se ele consegue se colocar em diferentes perspectivas. Por exemplo, se entende o que acontece com homens e mulheres que vivem na miséria", diz o coordenador da Comissão Brasileira da Comissão Justiça e Paz e membro do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, Carlos Moura. Nesse sentido, diz ele, o ideal é que o político não aja apenas como uma figura que fala o que as pessoas querem ouvir. Mas que tenha capacidade de ouvir o que pessoas de realidades diferentes têm a dizer.

Articulação

Qual concorrente você chamaria para convencer os vizinhos?

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A habilidade de negociar e de construir maiorias é intrínseca à democracia. E é justamente uma das coisas mais difíceis de serem feitas. Mesmo assim, é o que se busca na vida em sociedade, diz Renato Janine Ribeiro, professor de Ética e Filosofia Política na USP. "A construção de maiorias sempre supera possíveis fanatismos de um lado ou de outro."

Segundo Ribeiro, a vida em condomínio segue uma lógica semelhante à da vida pública. "É preciso sair da sua zona de conforto, negociar com outros e chegar a um consenso. O bom político sabe contornar os conflitos que surgem nessa hora", afirma. Ele pondera que muitas vezes essa habilidade é um dom natural e não pode ser adquirida.

A história do Paraná mostra que a negociação política sempre foi muito fraca, o que causa impacto nos recursos obtidos e na representação do estado em órgãos na presidência do Congresso ou nas cadeiras do Tribunal de Contas da União (TCU), Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ). A representatividade do Paraná está abaixo de vários estados do Nordeste e de quase todos das regiões Sul e Sudeste.

O analista político An­­tonio Augusto de Queiroz, diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), explica que no Parlamento conta muito a articulação com os líderes partidários. "De pouco adianta ser um político capaz se o líder nunca o indicar para relatar uma matéria importante ou participar de uma comissão relevante."

Conhecimento

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Você assistiria a uma aula de qual político?

Nos últimos 25 anos, os brasileiros elegeram para a Presidência da República dois economistas, um sociólogo e um quarto sem diploma de ensino superior. Dentre eles, o que não chegou à universidade deixou o cargo com o maior índice de aprovação. Afinal de contas, que tipo de conhecimento pesa no exercício de um mandato eletivo?

Pós-doutor em Adminis­tração Pública e professor da PUCPR, Denis Alcides Re­­zende diz que o candidato ideal precisa contar com uma combinação de bagagens intelectuais. "Claro que é sempre bom que o político tenha convivido em um ambiente acadêmico, mas isso pode ser compensado de outras formas. Vale muito a experiência prática, e também é de suma importância que ele conheça as atribuições e os limites do cargo para o qual está concorrendo."

Rezende destaca que é preo­­cupante, por exemplo, a falta de noção das funções de um senador e de um deputado federal. "Quando eu pergunto para meus alunos as diferenças entre eles, muitos não sabem. E pelas propostas que os candidatos apresentam no horário eleitoral dá para sentir que quase todos eles também não sabem."

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Para o consultor em gestão pública Sir Carvalho, os cargos do Executivo demandam posições coerentes na visão sobre o Estado e a economia. Para o Legislativo, por outro lado, é importante escolher políticos com "massa crítica", capazes de propor e aprovar leis que contribuam para a sociedade. "O Legislativo precisa ajudar na condução das políticas públicas. Se a maior parte dos projetos que tramitam na Assembleia Legislativa for de autoria do Executivo, por exemplo, isso demonstra que os deputados não estão cumprindo com seu dever."

Exemplo recente aconteceu na Itália com Mário Monti, ex-reitor da Universidade Luigi Bocconi, uma das instituições mais importantes na formação do pensamento socioeconômico europeu no último século. Em novembro de 2011, ele foi alçado ao cargo de primeiro-ministro para "salvar" o país da crise econômica mundial. Deixou o cargo 18 meses depois, incapaz de vencer os entraves burocráticos da política italiana.

Comprometimento

Qual candidato apostaria nadar no Rio Belém se quebrasse uma promessa?

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Um dos estigmas de toda eleição é a memória curta do eleitor. Durante a campanha, promessas não cumpridas no passado acabam diluídas entre outras novas promessas para o futuro. Não é uma característica apenas dos políticos brasileiros.

Jaques Chirac foi prefeito de Paris entre 1976 e 1995. Em duas oportunidades, prometeu que despoluiria o Rio Sena e que nadaria em suas águas. O banho não veio, mas Chirac se elegeu presidente da França de 1995 a 2007.

O episódio revela diferenças entre falar que vai fazer, tentar fazer e fazer. O Sena realmente passou por um processo de despoluição, mas nunca chegou a ser apropriado para o banho. Em 2005, líderes do partido ambientalista Les Verts (Os Verdes) descumpriram uma orientação da prefeitura e entraram no rio com proteções de borracha para mostrar que não haviam se esquecido da promessa, feita 13 anos antes.

"Uma forma de perceber se um candidato tem atitude é ver o quanto ele, por conta própria e não por obrigação, se dispõe a oferecer informações sobre sua trajetória e o que propõe", diz a gestora de projetos do Instituto Atuação, Vanessa de Mello Brito. Criada em 2010 por estudantes universitários de Curitiba, a entidade trabalha para o desenvolvimento da democracia por meio de mecanismos de participação social, transparência e conscientização política.

Vanessa também sugere que o eleitor preste atenção no refinamento das propostas. "Não é só dizer que vai colocar mais dinheiro para saúde e educação, o que todo mundo faz. É apresentar um número, uma porcentagem de crescimento, uma fonte desse recurso." Sugestões bem elaboradas, além de mostrar uma disposição "verdadeira" de colocá-las em prática, facilitam o acompanhamento de sua execução.

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