Em meio a impeachment, cassações e escândalos de corrupção nas mais diversas esferas do poder público, os eleitores parecem ter escolhido um novo rumo na hora de depositarem seus votos. O cenário de crise política pode ter ajudado o eleitor a buscar nomes que tradicionalmente não apareciam nas urnas – o que não quer dizer que eles não tenham feito parte da política tradicional. Para o professor de ciência política da Uninter, Doacir Quadros, o sistema político brasileiro – seja nas eleições proporcionais ou majoritárias – se utiliza desta insatisfação do eleitor com os políticos tradicionais para buscar nomes que não tenham raízes ligadas à “linhagem política”. “Esse tipo de candidato tem uma rejeição menor frente ao eleitorado”, comentou.
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Leia a matéria completaÉ o caso do “novato” João Doria (PSDB), que conquistou a prefeitura de São Paulo, no primeiro turno, com 53,29% dos votos. Dória, que é empresário e apresentador de televisão, se candidatou a um cargo majoritário pela primeira vez e, de cara, venceu a eleição para comandar a maior prefeitura do país. Para Quadros, apesar do nome dele ser associado ao empresariado e à comunicação, está ligado aos grandes nomes do PSDB. Para o cientista político do Ibmec, José Luiz Niemeyer, João Dória é um exemplo de quem escolheu a hora e o partido certo para ser candidato. “O candidato aproveitou o esgotamento de um grupo político, em um partido que representa a oposição a este grupo e um nome pouco conhecido por seu passado político”, afirmou.
Ao longo da campanha, Doria buscou se desvincular da política tradicional e chegou a afirmar que é um gestor e administrador antes de político. Isso não significa, para o professor, que Doria não seja um representante da política tradicional. “Doria ocupou cargos em administrações do governador Franco Montoro em São Paulo e foi presidente da Embratur no governo de Collor. São cargos eminentemente políticos”, disse Niemeyer.
Nomes do futebol
Em Belo Horizonte, outra grande capital, os dois candidatos que disputam o segundo turno também tem trajetórias que não incluem famílias influentes na política, mas sim carreiras no futebol. João Leite (PSDB), apesar de já ocupar cargos eletivos há bastante tempo, se destacou como goleiro do Atlético Mineiro nos anos 70, ganhando notoriedade para a vida pública. O segundo colocado na disputa pela prefeitura da capital mineira é Alexandre Khalil (PHS), que é ex-presidente do Atlético Mineiro e entrou na campanha com o discurso de ser um “não político”.
De acordo com o professor Doacir Quadros, os dois candidatos mostram o mesmo perfil, de candidatos que fizeram carreira no esporte e que se mostram como uma outra alternativa. “Mesmo assim são suportados por grandes partidos”, afirmou.
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