O segundo debate entre candidatos à prefeitura de Curitiba da série promovida pela Gazeta do Povo aconteceu nesta terça-feira (13) e teve a presença dos candidatos Xênia Mello (Psol) e Afonso Rangel (PRP).
A diferença ideológica entre os dois candidatos deixou a discussão sobre a cidade camuflada nas defesas das posições políticas de cada um. A meritocracia, a função do estado na garantia dos direitos sociais e o papel da iniciativa privada foram temas preponderantes no debate.
Assista na íntegra ao debate entre Xênia Mello e Afonso Rangel
Para sustentar suas posições políticas, os candidatos usaram recorrentemente a própria história de vida. Xênia relatou sua vida na periferia e usou esta experiência para defender o acesso a oportunidades iguais.
“A gente tem que sair do debate da meritocracia para ir para um debate de igualdade de oportunidade com garantia dos direitos sociais”, disse a candidata do Psol.
Já Afonso Rangel contou sua história usando a trajetória familiar de sucesso na iniciativa privada como forma de defender a meritocracia como o caminho para a garantia da qualidade de vida.
Educação
Outro tema que colocou os candidatos em lados opostos do campo político foi a participação das empresas privadas na garantia de direitos sociais. Para acabar com o déficit que Curitiba tem no número de vagas na educação infantil, Afonso Rangel sugeriu a contratação pelo poder público de creches e escolas privadas. O candidato garantiu que, com essa medida, acabaria com a fila para vagas em creches e CMEIs em menos de 90 dias.
“R$ 2,3 bilhões por ano [para a educação] não é suficiente? Com muito menos nós fazemos chover na iniciativa privada, então por que não faz chover na prefeitura? [...] Às vezes as crianças estão na sexta série e não sabem ler nem escrever, e às vezes o professor de inglês não sabe falar inglês, o professor de matemática pouco sabe de matemática. Isso não é culpa do professor, é culpa de quem formou, de quem contratou”, disse Afonso Rangel.
Xênia Mello discordou da proposta do candidato e defendeu a qualidade da formação dos professores que trabalham com educação pública. “Eu sou uma grande defensora da escola pública. Os professores hoje da escola pública têm uma formação superior aos professores da escola privada por conta de um plano de carreira e incentivo à formação”, afirmou.
Outros temas que levaram os candidatos a embates clássicos entre a direita e a esquerda foram o direito à moradia, a função social da propriedade, a atuação dos ‘black blocs’ nas manifestações que vêm pedindo a saída do presidente Michel Temer (PMDB) e o papel e a legitimidade da participação da iniciativa privada nas decisões da esfera pública.
As frases do debate
Por que nós pegamos um político que muitas vezes era vereador, deputado, nunca administrou nada e damos R$ 8 bilhões de orçamento para ele cuidar da nossa vida?
Infelizmente, a política é hoje uma decepção na vida das pessoas porque ela é justamente decidida por homens brancos, empresários, classe média urbana. A gente precisa deixar a política com uma cara trabalhadora, com uma cara da maioria da população de Curitiba.
Essa história de paridade é um discurso muito bonitinho, só que não funciona. Vamos dizer que eu fosse prefeito, se tivesse mais mulheres competentes do que homens, vai ter mais mulheres do que homens na administração.
A gente não acha que é pecado ser empresário. A gente acha só que ter um Congresso com 70% de homens brancos empresários não representa a realidade da população brasileira.
No tocante às creches, eu tenho até sido criticado por isso, eu digo que no máximo em 90 dias eu resolvo o problema das 10 mil vagas. [...] Em 90 dias faz uma licitação contrata esse serviço privado, coloca todo mundo na creche para depois pensar como nós vamos construir.
A partir do momento que a universidade passou a garantir cotas houve um crescimento da produção intelectual, uma pluralidade da produção intelectual justamente porque você tem uma política de pluralidade de públicos.
Você fala dos empresários como se fosse pecado ser empresário. Vou te dizer uma coisa, não existe dinheiro público. O dinheiro público é dinheiro privado que é contribuído.
A gente da Frente de Esquerda tem como proposta a garantia de paridade nas contratações comissionadas, então 50% de mulheres serão contratadas, e garantia de paridade nas secretarias.
Eu sou contra o financiamento público de arte porque acho que arte é um negócio como qualquer outro. A maior indústria de cinema do mundo fatura bilhões de dólares por ano. Nós temos aqui no Brasil a ideia de ficar financiando artista que vai ficar tocando o violão dele, ele acha que o violão dele é bonito e a gente tem que financiar. Não! A gente tem que criar oportunidades, criar espaço.
A garantia à moradia digna é o que faz a diferença entre o filho de uma mulher da periferia e o filho de uma mulher de classe média. Não é o curso de inglês que dá a diferença, mas é o acesso principalmente a moradia digna.
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