Deputados estaduais do Paraná receberam 3,98 de nota dos eleitores, em levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas no mês passado. A nota é maior que a apontada pela mesma pesquisa em fevereiro (3,2), mas ainda distante dos 5,5 obtidos em dezembro do ano passado. “Não é uma melhora robusta, mas é digna de nota”, avalia o cientista político Luiz Domingos Costa, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele atribui a melhoria à iniciativa de intermediar a relação entre governo e APP-Sindicato, na disputa política em torno do sistema de previdência e do reajuste salarial dos servidores estaduais.
Tratamento dado aos professores despertou o interesse do eleitorado
Notas ruins para os deputados estaduais não significam necessariamente reprovação do processo político, alerta o cientista político Luiz Domingos Costa. “Temos uma série de dados aparentemente ruins, mas temos também um momento importante de politização e de debate. As questões da Paranaprevidência e do tratamento dado aos professores despertou o interesse de parte expressiva do eleitorado – e continua na memória deles, o que não é muito comum”, afirma.
A maior parte do eleitorado (65,9%) não sabe quem são os deputados de sua região. Entre os que sabem, metade desconhece como ele votou na sessão que alterou a gestão da previdência estadual. Os que sabem quem são os parlamentares de sua região, metade diz que vai deixar de votar nele por causa do posicionamento em relação ao tema; 20,3% não vão mudar o voto por causa disso; 16,4% não sabem e 13,1% não responderam.
O levantamento da Paraná Pesquisas mostra que a população desconhece o trabalho dos deputados estaduais. Nada menos que 76,3% não souberam citar um projeto aprovado na Assembleia Legislativa neste ano – 10% mencionaram o pacote da Paranaprevidência, que é rejeitado por 73,4% dos entrevistados e aprovado por apenas 10%. Outros projetos citados são “tirou os benefícios/aposentadoria dos professores” (1,5%), “aumento de salário para os deputados” (1,3%) e “aumento de impostos” (1%).
“Boa parte desse desconhecimento é porque os deputados normalmente não colocam em votação nada muito relevante. Os temas mais importantes vêm do Executivo, como as mudanças na Paranaprevidência”, diz o cientista político Eduardo Miranda. (LL)
Confira os números da Paraná Pesquisas
A pesquisa indica também a possibilidade de renovação acima da média na Assembleia nas próximas eleições. O levantamento mostra que boa parte dos eleitores está disposta a escolher outro deputado por causa dos votos dos atuais a favor das mudanças na Paranaprevidência. Entre os 50,2% eleitores que sabem que deputados representam sua região, metade diz que vai deixar de votar nele por causa do posicionamento em relação à previdência.
“A desaprovação pode de fato gerar maior renovação no Legislativo estadual, mas ainda falta muito tempo para as próximas eleições e isso pode desaparecer do horizonte dos eleitores até lá”, afirma Costa. “É difícil antever os efeitos dessa desaprovação na composição da Assembleia em 2018, mas não podemos ver isso como algo insignificante. Esses números podem indicar uma renovação em 2018, mas não de modo estrutural”, diz.
A dificuldade de renovação, com o surgimento de novas lideranças, é reafirmada pelo cientista político Eduardo Miranda, professor da Universidade Positivo e doutorando em Ciência Política pela UFPR. “É certo que vai haver sequelas eleitorais para deputados que apoiaram o governo na votação da Paranaprevidência. Mas a renovação da Assembleia é mais que a simples troca de nomes, precisaríamos de um arejamento maior, sem a manutenção de tantos sobrenomes”, observa.
Costa estende a análise à queda na aprovação dos deputados registrada em fevereiro – a nota caiu de 5,5 (dezembro) para 3,2. “Há um efeito cascata que influencia a visão do eleitor, a partir da situação política e econômica do país. É Lava Jato todo dia, crescimento nulo da economia, mais desemprego. O noticiário nacional se reflete aqui e leva a um pessimismo em relação às instituições em geral, inclusive a Assembleia Legislativa”, afirmou.
Metodologia
A pesquisa ouviu 1.344 eleitores em todo o Paraná, entre os dias 20 e 24 de junho de 2015. A amostra foi estratificada proporcionalmente segundo sexo, faixa etária, nível de escolaridade e posição geográfica da população paranaense, com grau de confiança de 95% e margem de erro de 2,5%.