Governador Beto Richa: balanço de 2015 com crises política e econômica.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Analisando um dos acontecimentos mais desgastantes do seu governo em 2015, o governador Beto Richa (PSDB-PR) considerou como “lamentável” o episódio do dia 29 de abril, em Curitiba, mas disse que enxerga as situações da data como um movimento orquestrado pela oposição para gerar desgaste político. A declaração foi dada durante entrevista à radio BandNews FM de Curitiba na manhã desta quinta-feira (17), na qual o chefe do executivo estadual fez um balanço sobre as principais questões que movimentaram o Palácio Iguaçu este ano.

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Considerado como um novo dia de luto da classe docente do estado, o dia 29 de abril foi quando uma operação da Polícia Militar, articulada para conter uma manifestação contra o projeto de reforma da Paranaprevidência, deixou mais de 200 pessoas feridas. Participantes do ato, que ganhou repercussão nacional, foram contidos com o uso jatos de água, bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha.

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“O que eles queriam era confronto mesmo para gerar as cenas lamentáveis como as que aconteceram ali e me gerar esse desgaste político”, avaliou o governador, que lamentou a falta de abordagem de defesa do estado democrático de direto no episódio. “Eu tenho a obra constitucional de preservar e garantir o funcionamento de todas as instituições democráticas do estado do Paraná. Se a moda pega, qualquer categoria vai lá e invade a assembleia. Onde é que nós vamos parar? Já imaginaram a possibilidade de invasão do capitólio nos Estados Unidos?”, justificou.

Richa, que admitiu ter ficado “mal acostumado” com suas aprovações históricas, consentiu que, além do confronto no Centro Cívico, as medidas econômicas adotadas por sua equipe no último ano (que começaram com o realinhamento das alíquotas de IPVA e ICMS até chegar no corte nos gastos e despesas do governo) também ajudaram a manchar sua popularidade. “As medidas de austeridade significam que o Paraná fez o dever de casa”, afirmou.

Investigações no governo

A entrevista desta manhã também abordou outros escândalos políticos, como as operações Publicano, que investiga um esquema de fraudes na receita estadual, e a Quadro Negro, responsável por averiguar desvio de recursos públicos da Secretaria de Estado da Educação por meio de contratos com empresas para construção de escolas.

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Sobre a relação entre ele e um dos réus da Publicano, Luiz Abi Antoun – parente distante do governador e figura influente no estado –, Richa defendeu que nunca teve nenhuma informação que desabonasse a conduta do empresário.

Quanto ao possível envolvimento nos esquemas da Quadro Negro do ex-vereador de Curitiba Juliano Borghetti, irmão da vice-governadora Cida Borghetti (Pros), Richa disse ter ficado “surpreendido” com a ligação feita pelo Ministério Público, mas ressaltou, que, até agora, não há nada que comprove a suposta participação do ex-vereador no conluio.

Impeachment

Ainda que não tenha não tenha deixado clara a sua posição a respeito da possibilidade da abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT), Richa disse que, pessoalmente, avalia o futuro do caso como dependente das articulações partidárias.

“O fiel da balança é o PMDB. Se o PMDB pular pra cá e se manifestar em favor do impeachment, acho muito difícil a presidente da república resistir e o congresso não afastá-la”.