O advogado Guilherme Gonçalves, que trabalhou para o ex-ministro Paulo Bernardo e em duas campanhas da mulher dele, a senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT), negou em depoimento nesta segunda (27) que tenha beneficiado o petista com pagamentos que recebeu da empresa de tecnologia Consist, que mantinha contratos com o Ministério do Planejamento.
Gonçalves foi um dos alvos da Operação Custo Brasil, que investiga desvios do Planejamento iniciados no período em Paulo Bernardo era o chefe da pasta, em 2009, e que perduraram até 2015, segundo as autoridades.
Os investigadores pediram a prisão temporária do advogado por ter fortes indícios de que ele se beneficiou de parte dos R$ 100 milhões desviados do contrato entre a Consist e Ministério do Planejamento.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal, o escritório de Guilherme Gonçalves recebeu mais de R$ 7 milhões por meio do esquema entre 2009 e 2015. O montante, que segundo investigadores seria propina, foi levantado por meio de notas fiscais com pagamentos da Consist ao escritório.
Há a suspeita de que 80% desse valor foi repassado ao ex-ministro Paulo Bernardo, inclusive na forma de pagamentos das despesas pessoais dele, como aluguel de loft e pagamento de salários de empregados.
Questionado sobre o tema nesta segunda, Gonçalves disse que efetivamente prestou serviços à Consist, que era sua cliente.
O advogado, que é especialista na área eleitoral, fez as declarações na audiência de custódia, em que autoridades abordam apenas os motivos que o levaram à prisão e que não podem ser usados como produção de prova.
A oitiva aconteceu um dia depois dele ser preso ao chegar de uma viagem internacional. O advogado foi detido no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), e levado à sede da PF em São Paulo na Lapa, onde permanece detido.
O depoimento em que Guilherme Gonçalves detalhará todos os fatos que o envolvem ainda será marcado.
Ex-ministro
A defesa do ex-ministro Paulo Bernardo se manifestou sobre as declarações do advogado, afirmando que o “depoimento prestado pelo Sr. Guilherme Gonçalves deixa claro que Paulo Bernardo não se beneficiou de maneira alguma dos valores que foram recebidos da Consist. Ficaram claras a origem dos pagamentos recebidos pelo Sr. Guilherme Gonçalves e o destino por ele dado a esses valores, sem qualquer envolvimento de Paulo Bernardo.”
Esquema investigado pela Custo Brasil deixou empréstimos consignados mais caros
Leia a matéria completaCom base no depoimento, a defesa do ex-ministro questionou as razões da prisão preventiva dele, alegando que “além de ausentes os requisitos técnicos da medida extrema, também não há qualquer indício de autoria com relação a ele”.
Ainda segundo à defesa do ex-ministro, o juiz responsável pelo caso, Paulo Bueno de Azevedo, informou que analisará novamente “a justificativa para manter a prisão de Paulo Bernardo”.
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