A empresa de comunicação Muranno Brasil, sediada em São Paulo, confirmou nesta terça-feira (25) à CPI mista da Petrobras que prestou serviços à estatal petroleira no valor de R$ 7 milhões sem assinar qualquer contrato. As informações foram enviadas ao Congresso a pedido do colegiado da comissão parlamentar. Os advogados anexaram o depoimento prestado pelo dono da Muranno, Ricardo Marcelo Villani, 62, à Polícia Federal de Curitiba (PR) no dia 9 de setembro passado, em inquérito que integra a Operação Lava Jato.
Villani alegou que trabalhou sem contratos para a Petrobras sempre nos Estados Unidos, em eventos relativos às provas da Fórmula Indy, na "montagem de áreas de receptivo de pessoas com bares, bufê, simuladores de corrida para a recepção de convidados a fim de conhecerem os planos de etanol para o Brasil".
Villani se disse "um grande contratador", empregando "recepcionistas, estrutura física das unidades de recepção, brindes, passagens para pessoas, transportes, hotéis, jantares de boas vindas".
Todo esse trabalho, argumentou Villani, era realizado sem qualquer contrato formal com a Petrobras. Villani reconheceu à polícia que "foi um erro seu não ter formalizado contrato". Mas os pagamentos, segundo sua versão, ocorreram até por volta de 2008, quando o então "gerente de etanol na Petrobras", Silas Oliva, deixou o cargo. A partir daí, alegou Villani, a Petrobras acumulou dívidas com a Muranno no valor de R$ 7 milhões.
Em 2009, Villani soube que os gastos na área de etanol estavam "sendo auditados por conta de possível CPI contra Petrobras". A CPI foi instalada no Congresso Nacional naquele mesmo ano.
A partir daí, alegou o publicitário, ele passou a cobrar sua suposta dívida de R$ 7 milhões, tendo conversado pessoalmente com o então diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. Segundo Villani, Costa o tranquilizou dizendo que tudo seria pago.
Entre abril e março de 2009, prosseguiu Villani em sua narrativa à PF, ele foi procurado pelo doleiro Alberto Youssef, com quem se encontrou em um café. Segundo Villani, o doleiro lhe disse que estava ali a mando de Costa para "resolver o problema". O publicitário diz que Youssef tinha em sua mãos um papel com um valor anotado de R$ 6,83 milhões.
Entre maio e novembro de 2009, disse Villani, as contas da Muranno receberam em torno de R$ 1,5 milhão. A PF apresentou então documento que indicava o depósito de R$ 1,79 milhão feito pela empresa Sanko Sider, que prestava serviços ao Consórcio Camargo Corrêa em contratos com a Petrobras. Villani disse "desconhecer" a Sanko, mas admitiu que podem ter sido a mesma depositária.
Depois desses depósitos, afirmou Villani, não houve mais pagamentos. Ele chegou a propor a Paulo Costa uma "comissão" sobre os valores a serem recebidos, mas não houve resposta do ex-diretor.
Segundo a revista "Veja" divulgou no final de outubro, o doleiro Youssef disse, em depoimento que prestou no acordo de delação premiada, que o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli o incumbiu de quitar um débito que era cobrado por uma empresa de publicidade. De acordo com a revista, a agência ameaçava denunciar o esquema de corrupção na estatal. O nome da Muranno não foi citado.
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