Sócio da Engevix afirma que pagava propina para receber em dia pelo serviço da empresa.| Foto: Antonio Lacerda/EFE

O presidente do conselho de administração da Engevix Cristiano Kok admitiu que a empreiteira pagou cerca de R$ 10 milhões ao doleiro Alberto Youssef, com o intuito de receber em dia os pagamentos da Petrobras. A Engevix, como outras corporações, é investigada pela Operação Lava-Jato.

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Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o presidente da Engevix afirmou que “os políticos aparelham a Petrobras para arrancar dinheiros das empreiteiras” e que “foi uma extorsão” o que funcionários da estatal fizeram com as empresas. Cristiano Kok também questionou se algum empresário denunciaria o esquema.

“Agora, será que alguma empresa poderia ter denunciado que estava sendo extorquida pelo Paulo Roberto (Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras)? No mundo real não dá para fazer isso”, declarou Kok.

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Segundo o presidente da Engevix, o pagamento de propina da empreiteira foi feito diretamente a Youssef: de R$ 6 milhões a R$ 7 milhões num contrato de R$ 700 milhões na refinaria Abreu e Lima e “mais uns R$ 3 milhões’ na refinaria de Cubatão. O valor era pago em prestações mensais para três empresas do doleiro.

“Quando começou a Lava-Jato ficamos sem dinheiro e paramos tudo”, relatou Kok. Apesar de afirmar não saber para quem ia o dinheiro, o presidente disse na entrevista que Youssef havia sido indicado para a Engevix pelo ex-deputado do PP José Janene, morto em 2010. A propina, segundo ele, era para que a empresa não fosse prejudicada em obras e para receber em dia. No entanto os contratos, segundo o presidente, foram ganhos por meio de licitação.

Cristiano Kok falou ainda à Folha sobre as dificuldades enfrentadas pela empresa. Parte da Engevix foi colocada à venda. Além disso, a empreiteira está com uma dívida de R$ 1,5 bilhão a bancos e fornecedores. O faturamento, segundo o presidente, caiu de R$ 3 bilhões para R$ 1 bilhão. O Ministério Público pede indenização de R$ 538 milhões pelos supostos delitos. “Peço ao poder superior uma ajuda”, disse o empresário.

O presidente do conselho administrativo ainda negou à Folha que o contrato realizado pela empreiteira com o ex-ministro José Dirceu, para consultoria, tenha sido uma forma de propina. “Nunca foi propina. Dirceu foi contratado pelo relacionamento que tinha no Peru, em Cuba e na África, tínhamos interesse nesses mercados”, relatou ele, que disse que Milton Pascowitch, citado por Almada como um elo entre a empresa e o PT, atua com a Engevix há mais de 15 anos.

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Segundo Kok, Pascowitch era contratado para fazer lobby e não para pagar propina.

Acusada de participar do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava-Jato, a Engevix é processada pelo Ministério Público Federal por improbidade administrativa. Entre os executivos processados está o sócio da empresa, preso há mais de 120 dias.