O líder do governo de Minas Gerais na Assembleia Legislativa do Estado, deputado Durval Ângelo (PT), afirmou nesta sexta-feira, 6, que a auditoria que está sendo realizada pelo Executivo já mostrou que houve "total" e "absoluta" corrupção nas gestões anteriores envolvendo "as mesmas empreiteiras da Operação Lava Jato". Desde 2003, quando o atual senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumiu o governo, o grupo do tucano comandou o Estado e só deixou o Executivo com a eleição de Pimentel em outubro passado.
Ao assumir o cargo em 1º de janeiro, o petista anunciou uma auditoria total nas contas do governo, que foi a principal vitrine usada pela campanha presidencial de Aécio no ano passado. A apuração, que é comandada pelo controlador-geral do Estado, o "xerife" Mário Spinelli, e tem prazo de 90 dias para ser concluída, é mantida em sigilo pelos integrantes do Executivo. "Eu, como líder do governo, não estou autorizado a divulgar as auditorias. Mas elas são estarrecedoras", afirmou Durval. Questionado se a apuração tem revelado que houve corrupção, foi categórico: "tem total. Aqui (a corrupção) é absoluta".
O parlamentar chegou no fim da manhã para participar do encontro nacional do PT, que é realizado em um hotel em Belo Horizonte. Entre os participantes do evento está o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que na quinta-feira, 5, foi levado mediante ordem judicial para depor na Polícia Federal em São Paulo nas investigações da Operação Lava Jato, que investiga desvio de recursos da Petrobrás.
Mas, na avaliação de Durval, mesmo que as auditorias em Minas comprovem a participação das empreiteiras envolvidas no caso da Petrobras com eventual corrupção nas gestões tucanas no Estado, elas "não vão ter o mesmo destaque por ser o Aécio Neves e o PSDB". "Agora, o PT não é um partido que agrada as grandes elites desse País", ressaltou Durval Ângelo.
E o deputado petista salientou ainda que as críticas ao PT por causa do envolvimento da legenda na Lava Jato "não é ruim" porque, segundo ele, um dos preceitos do partido está em jogo. "Nós tínhamos um tripé que era muito caro: a participação popular, a inversão de prioridades e a ética e transparência. O terceiro pé está abalado", declarou.
"Nós, de cabeça erguida, temos que enfrentar essas denúncias de corrupção. E não acharmos que é porque os outros fazem, não podemos fazer, e porque escondem dos outros tem que esconder o nosso. Temos que repensar nosso caminho, nossa trilha, com certeza absoluta. Não podemos dar uma de avestruz", completou, defendendo uma autocrítica dos petistas no encontro. O evento, que também marca as comemorações de 35 anos do PT, vai durar todo o dia e será encerrado com ato que terá as presenças da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de outros expoentes petistas.
Resposta
O presidente do PSDB mineiro, deputado federal Marcus Pestana, confirmou que o governo mineiro fez contratos com as empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, mas frisou que "é preciso separar o joio do trigo" e que aguarda o resultado da "tão falada auditoria" para responder "com firmeza cada informação equivocada". "O Brasil tem larga tradição no setor de construção civil pesada. Não é à toa que hidrelétricas, barragens e grandes obras mundo afora são realizadas por empreiteiras brasileiras.
Todas as grandes obras envolvem as dez principais empreiteiras do País. Nos 12 anos de governo do PSDB em Minas nunca houve qualquer arguição sobre os padrões administrativos e éticos utilizados", afirmou.
Segundo Pestana, Durval Ângelo foi "leviano" ao acusar as gestões tucanas em Minas. De acordo com o tucano, o PT "está mergulhado no maior escândalo da história brasileira e um dos maiores escândalos do mundo" e o PSDB não pode ser analisado pela "régua e compasso ético" do adversário. "Somos diferentes. Na democracia é fundamental, no combate à corrupção, haver punição exemplar de todos aqueles que assaltam os cofres públicos. Por outro lado, é muito importante responsabilidade na divulgação de informações e na construção de opiniões", disse Pestana, que adiantou a intenção de interpelar judicialmente Durval Ângelo por causa das declarações.
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