As empresas envolvidas na investigação da operação Lava Jato, que culminou no cumprimento de 51 mandados de busca e apreensão nesta sexta-feira (14) se posicionaram sobre a operação. A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em nove empresas investigadas no esquema: Galvão Engenharia, UTC, Queiroz Galvão, Engevix, Odebrecht, OAS, Camargo Correa, Mendes Junior e Iesa Óleo e Gás.
Em nota, Galvão Engenharia afirmou que "tem colaborado com todas as investigações referentes à Operação Lava-Jato e está permanentemente à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários". O diretor-presidente da Divisão de Engenharia Industrial da empresa, Erton Medeiros Fonseca, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.
Na UTC, o presidente Ricardo Ribeiro Pessoa e o vice-presidente Walmir Pinheiro Santana tiveram a prisão temporária por cinco dias decretada. Na sede da empresa também foi cumprido um mandado de busca e apreensão. Em nota, a UTC informou que "colabora desde o início das investigações e continuará à disposição das autoridades para prestar as informações necessárias".
O diretor-geral de desenvolvimento comercial da Queiroz Galvão também teve a prisão temporária decretada. Em nota, a empresa reiterou que "todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação em vigor e está à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários".
Na Engevix, três executivos do alto escalão tiveram prisão decretada nesta sexta-feira (14) e um foi conduzido à delegacia para prestar esclarecimentos. O vice-presidente, Gerson de Mello Almada, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Já os diretores técnicos Carlos Alberto Strauch Albero e Newton Prado Junior tiveram decretada a prisão temporária, por cinco dias. O presidente, Cristiano Kok, teve contra ele um mandado de condução coercitiva. A empresa informou apenas que "por meio dos seus advogados e executivos, prestará todos os esclarecimentos que forem solicitados".
Também foi cumprido um mandado de busca e apreensão no escritório da Odebrecht no Rio de Janeiro. Em nota, a empresa informou que "a equipe [que cumpria o mandado] foi recebida na empresa e obteve todo o auxílio para acessar qualquer documento ou informação buscada". A empresa afirmou ainda que está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.
O presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, teve a prisão temporária decretada, assim como o advogado da empresa, Alexandre Portela Barbosa. O diretor presidente da Área Internacional da OAS, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, teve a prisão preventiva decretada. Em nota, a empresa afirmou que "foram prestados todos os esclarecimentos solicitados e dado acesso às informações e documentos requeridos pela Polícia Federal". A OAS também informou que está à disposição das autoridades e vai continuar colaborando no que for necessário para as investigações.
A Camargo Corrêa, por meio de nota, afirmou que "repudia as ações coercitivas, pois a empresa e seus executivos desde o início se colocaram à disposição das autoridades e vêm colaborando com os esclarecimentos dos fatos". Um diretor da empresa, Edmundo Trujillo, foi conduzido à delegacia para prestar esclarecimentos nesta sexta-feira (14). O diretor presidente da empresa, Dalton dos Santos Avancini, e o presidente do Conselho de Administração, João Ricardo Auler, tiveram prisão temporária decretada. Já o presidente da empresa, Eduardo Hermelino Leite, teve prisão preventiva determinada pela Justiça.
Na Mendes Junior, o vice-presidente Sérgio Cunha Mendes teve mandado de prisão preventiva decretado. A PF também cumpriu outros três mandados de condução coercitiva de diretores da empresa. A Mendes Junior não havia se posicionado sobre o caso até às 17h30. Na Iesa Óleo e Gás, foi decretada a prisão temporária do diretor presidente, Valdir Lima Carreiro, e do diretor de operações, Otto Garrido Sparenberg. Carreiro, que mora na Região Metropolitana de Curitiba, ainda está foragido. Ninguém foi localizado na empresa para comentar o assunto.
Advogados dos acusados
O advogado Alberto Toron, que defende Ricardo Pessoa, presidente da UTC/Constran, diz que a prisão durante ação da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, foi feita sem que ele soubesse quais são as razões apresentadas pela Justiça. "Só veio o mandado de prisão, sem estar acompanhado da decisão judicial que a justifica. Isso é um cerceamento do direito de defesa. Não sei qual foi a razão determinante para a prisão", afirma.
Toron conta que colocou os executivos da UTC/Constran à disposição da Justiça há cerca de um mês. "Não dá para entender por que houve a prisão. A prisão parece ter-se tornado um modo de constranger e obter delação. É um processo kafkiano, que não faz o menor sentido em um Estado democrático."
Antonio Claudio Mariz de Oliveira, que defende o vice-presidente da Camargo Corrêa Eduardo Leite, também criticou a forma da prisão. "Era mais fácil advogar na época da ditadura militar do que agora. Na época da ditadura eu consegui ter acesso ao processo, o que não acontece agora."
Segundo Mariz, seu cliente nunca foi depor, não há um inquérito sobre ele e nem é investigado oficialmente. "Direitos básicos ligados à defesa estão sendo violados." Segundo ele, o argumento de que havia risco de fuga é insustentável para decretar a prisão de Leite. "Se for usar esse argumento, teria de prender todo acusado. O risco de fuga é inerente ao próprio ser humano". Para ele, a apreensão do passaporte bastaria para eliminar o risco de fuga. "Não há justifica para essas prisões".
Leite está de licença da Camargo Corrêa por problemas de saúde. Ele não encontrado pela PF em casa. Segundo Mariz, o executivo havia saído cedo para resolver problemas familiares.
Os advogados do ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, dizem que seu cliente que foi detido "temporariamente" para "averiguações". Duque, que comandou a diretoria de serviços da estatal, foi preso nesta manhã pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. Ele é suspeito de ter recebido propina de fornecedores da empresa e repassado a políticos.
Segundo nota distribuída pela assessoria do ex-diretor, "os advogados desconhecem qualquer acusação" contra ele e "vão adotar as medidas cabíveis para restabelecer a legalidade".
Eles afirmam que ainda não há inquérito instaurado contra o ex-diretor. Duque foi preso no Rio de Janeiro, onde vive com a família, e está sendo transferido para Curitiba, sede das investigações.
O advogado Mario de Oliveira Filho, que representa o lobista Fernando Soares, ainda não tem a definição se seu cliente vai se entregar à Polícia Federal.
Fernando Baiano, como é conhecido no mundo político, está sendo procurado pela PF desde a manhã desta sexta-feira. Seu advogado, no entanto, diz que até agora não soube se há mandado de prisão contra o lobista.
"O que posso dizer é que Fernando mora no Rio de Janeiro. Não está fora do país, como disseram algumas notícias absurdas. Estou em contato direto com ele", esclarece o advogado.
Fernando Baiano é apontado pela PF como o ponto de ligação entre o PMDB e o esquema de corrupção na Petrobras.
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