O deputado Jocelito Canto (PTB) afirmou ontem em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná que o ex-diretor-geral da Casa Abib Miguel, o Bibinho, teria recebido uma proposta de delação premiada. Bibinho, que está preso por suspeita de comandar um esquema de corrupção no Legislativo estadual, teria ouvido que bastaria dizer "um nome" e poderia ir para casa. Procurado, o Ministério Público Estadual (MP) afirmou ter comunicado o ex-diretor, na primeira vez em que ele foi detido, da existência legal da delação premiada. Na oportunidade, Bibinho negou a oferta.Segundo Jocelito, as revelações foram feitas a ele pelo próprio Bibinho, durante uma visita feita ontem pelo parlamentar ao quartel central da Polícia Militar, no bairro Rebouças, em Curitiba. As declarações do ex-diretor-geral da Assembleia foram interpretadas na Casa como um recado direto a alguns deputados, sobretudo para a cúpula do Legislativo estadual.
Coincidentemente, o início do julgamento de Bibinho está marcado para o próximo dia 9 de dezembro, na 9.ª Vara Criminal de Curitiba. Ele será julgado pela acusação de desvio de pelo menos R$ 100 milhões dos cofres da Assembleia, de acordo com o MP, no esquema que ficou conhecido como Diários Secretos o nome vem da série de reportagens que revelou o escândalo e foi publicada pela Gazeta do Povo e pela RPC TV.
Jocelito disse ter ido visitar Bibinho com o objetivo de tentar uma entrevista exclusiva, uma vez que o parlamentar é radialista em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. O ex-diretor, porém, afirmou que não poderia conceder a entrevista por não ter uma autorização da Justiça. "Ele me disse que o que mais falam para ele é: delação premiada, quer ir para Casa?; dê um nome e está bom, já pode ir para casa. E, então, fecham a porta", declarou o petebista. Jocelito disse ainda que Bibinho lhe contou "mais algumas coisas", sob a promessa de que o parlamentar manteria segredo. "Gostaria de poder falar, mas ainda não posso", desconversou.
O petebista revelou ainda que fez questão de assinar sua presença no quartel da PM no registro de visitas de Bibinho e do ex-diretor administrativo da Assembleia José Ary Nassiff, que também está preso. Há três semanas, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) soliticou e recebeu da PM todas as listas de visitas feitas aos dois acusados, como "parte do procedimento das investigações". "Todo cidadão pode visitar uma pessoa detida", defendeu. Segundo Jocelito, Bibinho reclamou da cirurgia para correção de uma hérnia umbilical estrangulada que fez recentemente e, também, da pouca quantidade de visitas que tem recebido.
Nenhum deputado comentou publicamente o pronunciamento do petebista.
Explicações
Questionado sobre as declarações de Bibinho, o MP informou que, na primeira vez em que os ex-diretores foram presos, comunicou a eles sobre a existência legal da delação premiada. A oferta, no entanto, não foi aceita por nenhum deles.
O advogado de Bibinho e de Nassiff, Eurolino Sechinel dos Reis, confirmou a oferta da delação, mas ressaltou que isso ocorreu na primeira prisão dos seus clientes, quando ele ainda não estava à frente do caso. Dizendo-se contra a delação premiada, o advogado afirmou ter orientado os dois acusados a recusar eventuais ofertas nesse sentido.
Segundo Reis, o Gaeco teria oferecido recentemente mais uma oferta de delação premiada a Cláudio Marques da Silva, ex-diretor de pessoal da Assembleia, que está preso no Centro de Triagem II, de Piraquara. O advogado não soube dar mais detalhes da oferta.
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