O presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus (DEM), e o primeiro-secretário, Alexandre Curi (PMDB), foram notificados ontem oficialmente para apresentarem defesa por escrito em relação ao processo do PV que pede a cassação do mandato dos dois parlamentares.
Ambos terão cinco dias úteis para se defenderem das acusações feitas pelo partido com base na série Diários Secretos, da Gazeta do Povo e da RPC TV. Devido aos feriados da próxima semana, o prazo vence no dia 14 de setembro.
Protocolado na Assembleia no início de junho, o documento assinado pelo PV defende que Justus e Curi teriam sido coniventes com as irregularidades do caso Diários Secretos, o que caracterizaria quebra do decoro parlamentar. A série mostrou casos de contratações de funcionários fantasmas, desvio de dinheiro público e falta de divulgação dos atos da Assembleia.
Questionado sobre o assunto ontem, Justus disse estar tranquilo quanto ao processo que pode cassar o seu mandato. "A Comissão de Ética irá fazer o seu trabalho e tomar sua decisão. Não tenho a menor dúvida de que vou entregar o meu mandato no dia 31 de dezembro cumprindo todas as metas que assumi", declarou. Curi não esteve presente na sessão de ontem nem foi encontrado por telefone para comentar o assunto.
Além das defesas que serão apresentadas pelos dois parlamentares, a subcomissão formada pelos deputados Stephanes Júnior (PMDB), Ademar Traiano (PSDB) e Osmar Bertoldi (DEM) convocará para uma audiência marcada para as 9 horas do próximo dia 14 os promotores do Ministério Público Estadual (MP) que comandam as investigações dos Diários Secretos.
Depoimentos
Os atuais diretores da Assembleia, Eron Abboud (geral), Antonio Gulbino (pessoal), Wilians Romanzini (administrativo) e o procurador-geral da Casa, Ayrton Costa Loyola, serão ouvidos hoje pelo MP. Com os depoimentos, os promotores esperam entender, entre outras coisas, como funcionava o sistema de contratação de funcionários da Assembleia e como hoje estão sendo feitas as nomeações e demissões de servidores.
Foi justamente por meio de contratação de servidores "laranjas" e "fantasmas" que a suposta quadrilha montada pelos ex-diretores Abib Miguel (geral), José Ary Nassiff (administrativo) e Cláudio Marques da Silva (pessoal) conseguiu desviar cerca de R$ 100 milhões dos cofres do Legislativo.