Fantasmas

MP vai investigar Rossoni

Karlos Kohlbach

O Ministério Público Estadual abriu segunda-feira uma investigação para apurar denúncias de contratações de funcionários fantasmas ligados ao deputado estadual Valdir Rossoni (PSDB), que ocupa o cargo de segundo-secretário na Mesa Executiva da Assembleia. O tucano contratou o piloto de avião dele como comissionado no próprio gabinete. Por pelo menos dois anos, Marcelo Venâncio Brito trabalhou na Assembleia e para a empresa do parlamentar. Anteontem, o tucano demitiu o piloto do cargo, apesar de considerar que a contratação era legal.

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Presidente diz que pedido de cassação do PV é ilegal

O presidente da Assembleia, Nelson Justus (DEM), classificou como ilegal o pedido protocolado na Casa pelo PV solicitando a cassação do mandato dele e do primeiro-secretário, Alexandre Curi (PMDB).

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No dia em que o Paraná saiu às ruas pedindo a moralização da política no estado, os deputados saíram em defesa do presidente da Assembleia Legislativa, Nelson Justus (DEM), e do primeiro-secretário, Alexandre Curi (PMDB). Apesar de reconhecerem a legitimidade do movimento anticorrupção, os parlamentares afirmaram que os erros na Casa "não são de hoje" e que "virou moda falar mal de político". Segundo eles, as denúncias contra a Assembleia não são privilégio da Casa e, por isso, os outros poderes também deveriam ser investigados.

Ao contrário da última segunda-feira, a sessão de ontem se estendeu durante toda a tarde, em um clima de apoio a Justus e Curi, que há uma semana foram denunciados pelo Ministério Público Estadual por suposto envolvimento na contratação de servidores fantasmas. "O senhor [Justus] está pagando o preço por uma herança que vem de anos", declarou o líder da oposição, deputado Élio Rusch (DEM). "Foi na sua gestão que se iniciou a modernização da Casa. Além disso, devemos ressaltar que essas cobranças sobre a Assembleia também se aplicam aos outros poderes."

Um dos mais veementes na defesa ao presidente e ao primeiro-secretário, Douglas Fabrício (PPS) disse que virou "moda falar mal de político, principalmente às vésperas da eleição". Segundo ele, nos últimos tempos, "parece que tudo que a Assembleia faz é errado". "Estamos avançando sim. É claro que ainda precisamos corrigir nossos problemas, mas isso não é privilégio só desta Casa", afirmou. "Muitas das denúncias são de quando o senhor [Justus] sequer era deputado. O senhor paga o preço por ser presidente, assim como nós também pagamos por hoje sermos deputados." O parlamentar do PPS ainda declarou que é preciso aguardar o resultado das investigações judiciais que estão em andamento.

O discurso do deputado Jocelito Canto (PTB) seguiu a mesma linha. De acordo com ele, erros semelhantes podem ser encontrados nas câmaras municipais e no Congresso Nacional. "O Paraná já viveu escândalos que não chegam nem perto do que temos aqui, mas não vi ninguém se levantando contra isso", reclamou. Apesar de afirmar que ontem não era "dia de se esconder de nada", Jocelito procurou distribuir a pressão que recai sobre Justus entre os demais deputados. "Todos temos um pouco de responsabilidade, não pelos fatos que desconhecíamos, mas por não termos sido fiscalizadores dos atos da Casa", disse. "Não preciso defender ninguém. Mas só o Justus é o culpado? Só ele foi presidente nesse período todo [de irregularidades]?"

Cobranças do PT

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O único parlamentar que fez cobranças a Justus foi Elton Welter (PT), terceiro-secretário da Casa. Em nome da bancada petista, o deputado apresentou um requerimento à Mesa Executiva questionando a "falta de clareza" em algumas das medidas de transparência adotadas pela Casa. "Por que só foi publicada uma edição eletrônica do Diário Oficial até agora? Por que não são divulgados os motivos para se pagarem gratificações aos funcionários?", questionou Welter. "Temos que atender a todos os princípios constitucionais para que não pairem dúvidas sobre a administração da Casa." Em resposta ao discurso, Justus elogiou a atuação do petista na Mesa Diretora e prometeu responder ao requerimento "o mais rápido possível".

Questionado se não seria mais coerente com suas críticas deixar o cargo que ocupa na Mesa, Welter afirmou que estaria se omitindo se agisse dessa forma. "Se saísse, não teria mais força política para intervir junto à Mesa", argumentou.