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Diva: entre os funcionários que a procuraram para entrar com uma ação contra o pedido do MP, munidos de um documento pronto para ser assinado, estava o diretor de Pessoal da Assembleia, Antonio Gulbino | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Diva: entre os funcionários que a procuraram para entrar com uma ação contra o pedido do MP, munidos de um documento pronto para ser assinado, estava o diretor de Pessoal da Assembleia, Antonio Gulbino| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

"Eu fui burra", diz presidente do Sindicato dos Servidores da Assembleia

Anibelli mantém acesso restrito ao plenário

O primeiro-vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Antonio Anibelli (PMDB), manteve ontem a decisão tomada por ele na semana passada de limitar o acesso da imprensa ao plenário. Anibelli voltou a presidir a sessão da Assembleia no lugar do presidente da Casa, deputado Nelson Justus (DEM), que esteve apenas por alguns minutos no plenário ontem e logo se retirou. Na semana passada, o peemedebista substituiu Justus em duas das três sessões realizadas – na segunda e na quarta-feira.

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A presidente em exercício do Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa do Paraná (Sindilegis), Diva Scaramella Ogibowski, disse ter sido "usada" e "enganada" e decidiu desistir da ação judicial proposta pela entidade para impedir o acesso do Ministério Público a dados financeiros dos funcionários do Legislativo paranaense. O mandado de segurança foi ajuizado na semana passada e foi parcialmente acatado pelo desembargador Ivan Bortoleto, que concedeu liminar permitindo que informações solicitadas pelo MP não fossem entregues. "Eu me sinto usada. Isso é uma coisa que eu nunca deixei que fizessem comigo", disse. Diva contou que entre os funcionários que a procuraram, munidos de um documento pronto para ser assinado, estava o atual diretor de Pessoal da Assembleia, Antonio Gulbino.

Ontem, a presidente do Sindilegis comunicou a Justiça sobre a desistência do pedido para barrar as informações. Ela também destituiu os advogados que atuaram no caso, alegando que não os conhecia. Diva afirmou que não sabe exatamente o que constava no documento que assinou e que só aceitou ingressar com uma ação judicial porque acreditou que estaria defendendo os servidores de carreira da Assembleia. Ela contou que foi procurada por dez funcionários, que pediram que o sindicato protegesse a categoria de eventuais quebras de privacidade e sigilo.

"As pessoas me usaram para defender comissionados", afirmou Diva. "Como que agora eu vou contra os meus princípios protegendo comissionados que eu nunca protegi?", questionou. Ela disse que soube apenas depois que a ação estava ajuizada que o pedido beneficiava principalmente os funcionários de cargos em confiança. "Disseram que eu tinha advogado. Mas que advogado? Eu não conheço! O sindicato nunca teve advogado!", assegura.

"Eu quero retirar o mandado porque não é aquilo que eu queria. Eu queria que os funcionários estatutários fossem respeitados naquela Casa. Porque lá não tem só gente desonesta, tem muita gente honesta", declarou. A desistência da ação beneficia o Ministério Público, que já havia apresentado recurso para tentar derrubar a liminar conseguida pelo Sindilegis.

Outro lado

O diretor de Pessoal, Antonio Gulbino, foi procurado pela reportagem para comentar o caso. Ele estava trabalhando a portas fechadas na diretoria e informou, por meio de uma funcionária do setor, que não daria entrevista. Gulbino é funcionário efetivo da Assembleia e trabalha há 24 anos no setor de pessoal. Antes de assumir a diretoria no dia 1.º de abril, em substituição a Cláudio Marques da Silva, ele ocupava o posto de coordenador de Recursos Humanos.

O advogado Saulo Gomes Karvat, um dos que assinam o mandado de segurança apresentado pelo Sindilegis, informou que ficou "pasmo" aos ver as declarações dadas pela presidente do sindicato na tevê. Na avaliação dele, Diva tenta "jogar para os advogados a culpa por impetrar o mandado de segurança no TJ".

"Qual o interesse que nós, advogados, temos na demanda? Nenhum, pois sequer conhecemos funcionários da Assembleia. Apenas utilizamos o nosso conhecimento para defender a Constituição e, se o pedido fosse tão absurdo como está sendo divulgado, o desembargador responsável pelo caso não teria dado provimento ao pedido", disse.

Karvat afirmou que, ontem mesmo, foi protocolado pelos advogados que assinam o mandado um pedido para o tribunal revogar a procuração que Diva assinou. "Ficamos indignados por tentarem nos transformar em ‘bodes espiatórios’ de uma demanda que não nos diz respeito pessoalmente, e protocolamos hoje [ontem] mesmo o pedido ao tribunal revogando nossa procuração", disse.

Histórico

Até meados de março, Diva era vice-presidente do Sindilegis. A entidade era comandada há mais de uma década pelo ex-diretor-geral Abib Miguel. Ele, assim como o ex-diretor administrativo, José Ary Nassif, que exercia a função de tesoureiro no Sindicato, pediram afastamento dos postos na entidade quando saíram da Assembleia. Ambos estão presos há dez dias. O diretor de pessoal, Antonio Gulbino, era vice-tesoureiro e com a saída de Nassiff, passou para o posto de titular no sindicato.

Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.

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