O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou em depoimento de delação premiada que quando ingressou na estatal, em maio de 2004, por indicação do PP, foi avisado que deveria "zelar pelos interesses do partido" enquanto fosse diretor. Em seu depoimento, Costa detalhou como funcionava o esquema dentro da estatal.
Segundo Costa, a propina que cabia ao PP era repassada aos integrantes do partido pelo ex-deputado José Janene (morto em 2010), e posteriormente pelo doleiro Alberto Youssef. Além de atender aos interesses do Partido Progressista, Costa afirmou aos investigadores que recebeu solicitações do PT e do PMDB para a campanha de 2010. "Houve pessoas que receberam mais de R$ 5 milhões", disse o ex-diretor da Petrobras.
Entre os políticos que receberam dinheiro, Costa citou o ex-deputado Pedro Corrêa (PP). Segundo o ex-diretor, Corrêa tinha "bastante amizade com José Janene" e recebia parte dos repasses periódicos destinados ao PP. Somente no primeiro semestre de 2010, Costa afirma que o ex-deputado recebeu R$ 5,3 milhões para usar em sua campanha eleitoral.
A filha de Corrêa, a ex-deputada Aline Corrêa (PP), também foi citada por Costa. O ex-diretor afirmou que ela participava das reuniões do PP para definição da divisão da propina junto com o pai.
Outras diretorias
O ex-diretor de serviços Renato Duque também foi citado diversas vezes na delação de Paulo Roberto Costa. Segundo Costa, Duque era encarregado da licitação e execução de todos os contratos de grandes investimentos (superiores a R$ 20 milhões).
Ainda segundo Costa, as diretorias de Exploração e Produção (maior orçamento da Petrobras) e de Gás e Energia eram chefiadas por pessoas indicadas pelo PT. "Todos os valores a título de sobrepreço eram destinados ao Partido dos Trabalhadores, competindo a Renato Duque, diretor de serviços, a alocação desse montante conforme as orientações e pedidos que recebesse do referido partido", disse Costa.
"Valores para uso político eram repassados a João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, quando se tratassem de recursos destinados ao Partido dos Trabalhadores", detalhou Costa.
Outras áreas
Em seus depoimentos, Paulo Roberto Costa afirmou ainda que o esquema da Lava Jato era replicado em outras áreas, como a Eletrobras e na construção de hidrelétricas, portos e aeroportos.
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