Rossoni afirma que Tôca fez ameaças de morte a diretor
O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Valdir Rossoni (PSDB), afirmou ontem que o presidente do Sindicato dos Servidores Legislativos (Sindilegis), Edenilson Carlos Ferry, o Tôca, ameaçou de morte um ex-diretor da Casa. De acordo com Rossoni, Tôca exigiu desse ex-diretor, com uma arma em punho, que tivesse o salário elevado até o valor máximo pago pela Casa aos funcionários. Do contrário, ele seria morto.
Clima de normalidade volta ao Legislativo
Depois de um dia inteiro de tensão na última quarta-feira, a Assembleia Legislativa viveu ontem um clima de normalidade e calmaria. Já sob a vigilância de policiais militares e de seguranças de uma empresa de vigilância privada, a movimentação nos corredores do prédio do Legislativo estadual era tranquila, principalmente pelo fato de não ter havido sessão em plenário.
O presidente do Sindicato dos Servidores Legislativos da Assembleia do Paraná (Sindilegis) e líder dos ex-seguranças da Casa, Edenílson Carlos Ferry, conhecido como Tôca, responde há 21 anos na Justiça pela coautoria de um duplo homicídio. De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual (MP), o crime ocorreu em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, em fevereiro de 1990. Há quase dois anos, um recurso impetrado pela defesa de Tôca está parado no cartório da Vara Criminal de Colombo, aguardando os argumentos do Ministério Público.
Tôca foi o principal pivô da ocupação do prédio da Assembleia por 200 policiais militares, na quarta-feira. O grupo de seguranças liderados por Tôca, composto por cerca de 50 pessoas, foi demitido durante a mudança de administração da Assembleia. Insatisfeitos, os seguranças, segundo deputados, estavam fazendo ameaças. A PM foi chamada para garantir a integridade física dos parlamentares.
Morte no baile
Segundo a denúncia do MP contra Tôca, no dia 26 de fevereiro de 1990, o ex-segurança da Assembleia e um policial prestavam serviço de segurança privado na parte externa de um salão onde ocorria um baile carnavalesco, no bairro Vila Guaíra, em Curitiba. Os dois teriam suspeitado de que um homem e um adolescente estavam tentando furtar um veículo estacionado nas proximidades do salão.
Os dois seguranças do baile teriam revistado os suspeitos e encontrado chaves usadas para furtar veículos. A dupla teria algemado os suspeitos e chamado um outro policial, que estaria coordenando a segurança do salão. Segundo a denúncia, esse policial teria batido nos suspeitos e encontrado uma arma calibre 38 com eles.
"Logo a seguir, presentes os denunciados e alguns diretores do clube [proprietário do salão], convencionou-se que os elementos detidos, bem como os objetos encontrados com os mesmos [duas chaves-michas e um revólver], deveriam ser conduzidos ao 3.º Distrito Policial...", relata o MP na denúncia.
Porém, não foi o que aconteceu. O primeiro policial e Tôca teriam ido até a casa do PM com os suspeitos, onde os dois acusados pelo furto teriam apanhado com uma pá.
Em seguida, Tôca e o policial teriam levado os dois suspeitos em um veículo para a Colombo e, por volta das 2 horas da madrugada, entrado em um milharal. De acordo com a denúncia, o policial, mesmo sob apelos de "clemência" do adolescente, que estava deitado ao lado do outro suspeito, "colocou o pé sobre o corpo (...) [do suspeito do furto], puxou sua cabeça pelos cabelos e detonou um tiro em sua nuca". O mesmo ocorreu com o outro acusado. Segundo o MP, Tôca teria notado que os suspeitos estavam ainda vivos e, por isso, teria disparado quatro vezes contra um deles. No entanto, sua arma teria falhado.
O policial e Tôca foram denunciado por duplo homicídio qualificados. Até agora, apenas o policial foi levado a júri popular duas vezes. Na primeira vez, ele foi absolvido, mas o MP recorreu e conseguiu que o policial fosse condenado a 13 anos de prisão em regime fechado, em 1999.
Processo desmembrado
No caso de Tôca, a Justiça desmembrou o caso, separando-o do processo contra o policial. Isso ocorreu porque a Justiça teve dificuldades de encontrá-lo para dar andamento ao caso. Além disso, a defesa dele recorreu várias vezes, pedindo para que Tôca não fosse acusado como coautor, mas apenas como partícipe. Pedido foi negado pela Justiça. Em 1995, Tôca foi alvo de um mandado de prisão preventiva. Em 2001, a Justiça revogou a prisão.
O advogado Henoch Buscariol, que atualmente está representando Tôca, embora não seja o responsável pelo processo de homicídio, disse que seu cliente nega o crime. Tôca não quis falar sobre o assunto.
(Diego Ribeiro, Kátia Brembatti, Karlos Kohlbach, Sandro Moser, Euclides Lucas Garcia, Caroline Olinda e André Gonçalves)
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Interatividade:
Como a Assembleia permitiu em seus quadros funcionais a presença de alguém acusado por um crime por tanto tempo?
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