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“Os valores (do salário) eram repassados de três formas: mediante saque em dinheiro e entregue em espécie para Alexandre Gardolinski; de saque em dinheiro e depósito na conta-corrente dele; e também através de transferência bancária.”Rodrigo Oriente, ex-servidor municipal que afirma nunca ter trabalhado na prefeitura e que diz que repassava o dinheiro do salário a Alexandre Gardolinski | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
“Os valores (do salário) eram repassados de três formas: mediante saque em dinheiro e entregue em espécie para Alexandre Gardolinski; de saque em dinheiro e depósito na conta-corrente dele; e também através de transferência bancária.”Rodrigo Oriente, ex-servidor municipal que afirma nunca ter trabalhado na prefeitura e que diz que repassava o dinheiro do salário a Alexandre Gardolinski| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Veja o vídeo dos ex-candidatos recebendo dinheiro das mãos de Alexandre Gardolinski, coordenador do comitê pró-Beto

  • Diário oficial

O ex-servidor da prefeitura de Curitiba Rodrigo Oriente afirma ter sido funcionário fantasma da administração municipal, durante quase um ano, como parte de um esquema de repasses de recursos para Alexandre Gardolinski, coordenador do Comitê Lealdade de dissidentes do PRTB pró-Beto Richa. Oriente é quem apresentou denúncia na Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná de um suposto esquema de compra de apoio eleitoral e de caixa 2 na campanha de 2008 do prefeito Beto Richa (PDSB).

A revelação de que nunca trabalhou na administração municipal foi feita pelo próprio Oriente no depoimento que ele prestou na Procuradoria Eleitoral, na terça-feira. Segundo a prefeitura, o ex-servidor esteve nos quadros do município por nove meses, entre abril e dezembro do ano passado.

Oriente afirmou ainda, no depoimento, que sua contratação na prefeitura, datada de 1º de abril de 2008, ocorreu como parte de um esquema que envolveu a saída de Alexandre Gardolinski dos quadros da administração municipal, um dia antes. Gardolinski pediu demissão da prefeitura para se candidatar a vereador – candidatura da qual, meses depois, ele iria desistir porque a direção estadual do PRTB, seu partido na ocasião, havia decidido apoiar o então candidato a prefeito Fabio Camargo (PTB).

Rodrigo Oriente, que também trabalhou para o Comitê Lealdade de dissidentes do PRTB, afirmou no depoimento que repassava integralmente o salário que recebia da prefeitura – de quase R$ 3 mil mensais – a Gardolinski. O objetivo, segundo ele, era fazer com que Gardolinski, mesmo afastado da prefeitura, continuasse a ter rendimentos. O depoimento não diz se alguém da prefeitura sabia do acerto. O fato, porém, segundo Oriente, é que ele nunca apareceu para trabalhar.

"Os valores (do salário) eram repassados de três formas: mediante saque em dinheiro e entregue em espécie para Alexandre Gardolinski; de saque em dinheiro e depósito na conta-corrente dele; e também através de transferência bancária", diz Oriente em um trecho do depoimento obtido pela reportagem da Gazeta do Povo. Além do depoimento, Oriente entregou à Procuradoria uma série de extratos e recibos bancários que comprovariam o repasse de dinheiro para Gardolinski. O esquema, segundo especialistas em Direito ouvidos pela reportagem, em tese pode caracterizar peculato (apropriação de recursos públicos).

À Procuradoria Eleitoral, ele não explicou por que aceitou ser contratado pelo município apenas para repassar o dinheiro a Gardolinski. A Gazeta do Povo ontem tentou entrar em contato com Oriente, mas não conseguiu localizá-lo para explicar as razões de ter fechado o acerto.

O depoimento de Oriente foi dado um dia após a prefeitura ter divulgado um vídeo atribuindo a Oriente o vazamento das gravações, divulgadas pela Gazeta do Povo e pelo programa Fantástico no domingo, que mostram dissidentes do PRTB recebendo dinheiro das mãos de Gardolinski.

A reportagem da Gazeta ainda verificou os Diários Oficiais do Município, disponíveis no site da prefeitura. No Diário Oficial de número 24 de 2008, consta o Decreto 270, assinado pelo prefeito Beto Richa, determinando a exoneração de Gardolinski, em 31 de março de 2008. Ele ocupava, até então, cargo comissionado de simbologia C4, na Fundação de Ação Social (FAS). Um dia depois, o prefeito nomeou Oriente para o cargo com a mesma simbologia e remuneração, mas para a Secretaria de Governo. Esse ato foi registrado no Diário de número 25.

A Gazeta do Povo não encontrou, porém, o ato de exoneração de Oriente nos Diários Oficiais do Município. A prefeitura informou que ele foi exonerado em 31 de dezembro de 2008.

Além de fornecer as datas de nomeação e demissão do ex-servidor, a administração municipal apenas emitiu uma nota dizendo que "qualquer infração funcional que Rodrigo Oriente tenha cometido será apurada, inclusive com a proposição de ação judicial de reparação de danos ao município". Alexandre Gardolinski também foi procurado pela reportagem, mas o celular dele ontem estava desligado.

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A denúncia de que um ex-servidor da prefeitura de Curitiba teria sido fantasma por quase um ano coloca em dúvida o sistema de controle do expediente dos funcionários municipais?

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