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As famílias dos jovens mortos se uniram na passeata para pedir justiça na manhã deste domingo (24) em Curitiba | Aldrin Cordeiro/Gazeta do Povo
As famílias dos jovens mortos se uniram na passeata para pedir justiça na manhã deste domingo (24) em Curitiba| Foto: Aldrin Cordeiro/Gazeta do Povo

Passeata percorreu 2,5 quilômetros pelas ruas de Curitiba

Cassação

Por causa do acidente, o advogado Elias Mattar Assad protocolou, no dia 13, um pedido de cassação do mandato de Carli Filho por quebra de decoro parlamentar. Investigações policiais indicam que o parlamentar estava alcoolizado e dirigia em alta velocidade no momento da batida.

Na quinta-feira (21), o Partido da Mobilização Nacional (PMN)protocolou na Assembleia Legislativa um apoio oficial da legenda à ação. O deputado Luiz Accorsi (PSDB), corregedor-geral da Assembleia, está analisando o pedido de cassação. Na segunda-feira (18), Accorsi encaminhou uma notificação sobre o caso a Carli Filho. Desde então, o parlamentar tem dez dias de prazo para apresentar sua defesa.

  • Passeata passou por ruas do bairro Mossunguê, em Curitiba, na manhã deste domingo (24), e terminou no Parque Barigui
  • Muito emocionada, Vera de Almeida (ao centro), mãe de Murilo, disse que agradecia o apoio de todos que participaram da passeata
  • Família de Yared diz que reforma piora lei penal.
  • Cristiane Yared (foto), mãe de Gilmar Rafael Yared, disse que
  • O trânsito na Rua Monsenhor Ivo Zamlorenzi, no Mossunguê, em Curitiba, foi bloqueada por causa do número de pessoas na passeata

Familiares e amigos de Gilmar Rafael Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, 20, jovens mortos em um acidente de carro que envolveu o deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho (PSB) no dia 7 de maio, realizaram na manhã deste domingo (24) uma passeata, em Curitiba, para pedir paz e justiça.

A caminhada partiu do cruzamento entre as ruas Monsenhor Ivo Zamlorenzi e Paulo Gorski, no Mossunguê, local da tragédia, por volta das 10h30 e seguiu até o Parque Barigüi por volta do meio-dia, fim da manifestação. As pessoas cantaram músicas que abordavam o tema da paz e aplaudiram os discursos dos familiares das vítimas.

O encerramento do protesto foi ao som do hino nacional brasileiro. Momentos antes, Cristiane Yared e Vera de Almeida, mães dos jovens mortos no acidente, subiram juntas no caminhão de som. Cristiane, muito emocionada, agradeceu a presença das pessoas e falou que o momento é de gritar. "A cidade está unida e dirigir bêbado é crime".

Cristiane ainda enviou um recado à família do deputado Carli Filho: "Eu não tenho sentimento de vingança, mas sim de justiça".

No início da passeata, a mãe de Gilmar disse que "as pessoas estão reunidas por causa da paz e da solidariedade, e isso mostra que querem lutar contra a impunidade". "Não podemos ficar em casa chorando. Queremos a verdade e não vamos deixar esta causa morrer", completou.

Para Vera, a mãe de Carlos, o sentimento era de muita comoção e agradecimento pelo apoio da sociedade. Gislaine Maria, irmã de Carlos, disse que a tragédia mobilizou todo mundo. "As pessoas de nossa cidade, que é Campo Largo, só têm nos ajudado e queremos que tudo seja resolvido", afirmou.

Além do pedido de paz, a intenção da passeata para os familiares dos dois jovens é reinvindicar a execução de um projeto de lei para acabar com a imunidade parlamentar, para que os deputados possam ser julgados como cidadãos comuns. O advogado da família Yared, Elias Mattar Assad, pediu a presença da população e dos parlamentares da Assembleia Legislativa do Paraná para uma audiência pública, no próximo sábado (30), às 11 horas, no calçadão da Rua XV de Novembro, na Boca Maldita, Centro de Curitiba para discutir o assunto.

Segundo estimativas da organização perto de 2 mil pessoas participaram da caminhada que também teve o mote de "190 km/h é crime! Justiça para todos!". Familiares, amigos e populares usaram roupas brancas ou então camisetas com fotos das vítimas. A melhor amiga de Gilmar, Cândida Palma, disse agora que a manifestação serviu também para mobilizar a sociedade e despertar nas pessoas o senso de mudança. "Nós podemos sim transformar as coisas, transformar a impunidade", observou.

Carli Filho, que está internado desde o dia do acidente, dirigia com a habilitação suspensa e, conforme exames comprovaram, na segunda-feira (18), estava embriagado com nível alcoólico quatro vezes acima do permitido por lei. Outra análise toxicológica, divulgada pelo Instituto Médico-Legal (IML) na sexta-feira (22), apontou que no sangue do parlamentar não havia vestígios de anfetaminas ou cocaína.

Os materiais examinados pelo IML foram coletados pelo Hospital Evangélico logo após o acidente, porém apenas uma semana depois a Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran) solicitou as amostras de sangue. Um laudo, com informações específicas sobre o último exame, será divulgado nesta segunda-feira (25), informou o IML.

Radares

Os radares da Rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi não captaram imagens do carro conduzido pelo deputado na noite do acidente. A polícia solicitou à Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) uma lista de veículos que passaram pelo local a qualquer velocidade. A intenção é esclarecer a que velocidade o carro do deputado trafegava antes do acidente.

Primeiramente, foi analisado o período entre 0 hora e 1 hora da madrugada do dia 7 de maio. O carro dirigido por Carli Filho, no entanto, não passou por nenhum dos sete radares nesse intervalo de tempo. No último dia 13, o delegado Armando Braga de Moraes Neto, titular do Dedetran de Curitiba, encaminhou um novo ofício à Urbs solicitando um período de tempo maior.

O delegado informou, na sexta-feira, que mesmo analisando o período entre as 23 horas do dia 6 e às 2 horas do dia 7, o veículo do deputado não aparece. Um dos radares fica a cerca de 500 metros no local do acidente. Moraes disse que ainda aguarda um levantamento do Instituto de Criminalística para marcar a data da reconstituição do acidente.

Imagens

A polícia divulgou na quarta-feira (20) imagens do deputado poucas horas antes do acidente. A filmagem é da câmera de segurança do restaurante onde Carli Filho esteve na noite do dia 6 de maio, acompanhado de amigos. As gravações mostram o parlamentar com duas taças de vinho nas mãos, seguido de um casal.

O último jovem mostrado na imagem gravada do estabelecimento é um amigo do deputado, que foi ouvido pela polícia na quarta-feira (20). Em depoimento, o amigo de Carli Filho afirmou que o parlamentar não apresentava segurança para dirigir e que até tentou dar uma carona para ele, mas o parlamentar dirigiu o próprio carro assim mesmo.

Estado de saúde

Carli Filho deixou a Unidade de Terapia Semi-Intensiva e foi transferido para um quarto normal na manhã de sexta-feira. A informação é do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde o parlamentar está internado. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, o deputado está consciente, mas ainda não tem previsão de alta. Os médicos aguardam a recuperação do parlamentar para avaliar a necessidade de novas cirurgias.

Ele deu entrada no Albert Einstein , na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no dia 10 de maio e dois dias depois foi transferido para o leito da unidade semi-intensiva. No dia 14 ele passou por uma cirurgia para correção de fraturas no crânio e reconstrução dos ossos da face, que durou 14 horas.

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