O Partido do Movimento Nacional (PMN), do deputado estadual Dr. Batista, subscreveu a ação em que a família de Gilmar Rafael Yared pede a cassação do deputado Fernando Ribas Carli Filho (PSB) por quebra de decoro parlamentar. O partido protocolou ontem na Assembleia Legislativa o apoio oficial da legenda à ação movida por Cristiane Yared, mãe do rapaz de 26 anos que morreu no acidente envolvendo o parlamentar. Além de Rafael, Carlos Murilo de Almeida, de 20 anos, também morreu na colisão. Investigações policiais indicam que o parlamentar estava alcoolizado e dirigia em alta velocidade no momento da batida, que ocorreu na madrugada do dia 7.
Segundo o presidente do PMN no Paraná, Willi Taguchi, se não for possível entrar com a mesma ação, o partido deverá apresentar um novo pedido para ser investigada a possível quebra de decoro do parlamentar. "Nós não estamos condenando o deputado à cassação. Mas não queremos que haja o risco de, no caso dela ocorrer, ser revertida nos tribunais porque o processo continha algum vício de origem."
Há uma corrente jurídica que acredita que haveria vício de origem no pedido de cassação apresentado pela família Yared. Isso porque a Constituição Estadual indica que apenas partidos políticos com representação na Casa ou a Mesa Executiva podem apresentar pedidos de cassação. O presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus (DEM), divulgou nota na terça-feira informando que não havia irregularidade alguma no processo.
O advogado da família, Elias Mattar Assad, afirmou que também considerava a tramitação do processo legal. Para ele, o pedido protocolado pelo PMN vai reforçar a tese da família de quebra de decoro por parte do deputado. "Isso prova que há um interesse maior na apuração. O pedido agora parte de uma instância partidária", disse. Taguchi informou que a iniciativa de apoiar oficialmente a ação dos Yared partiu da legenda, que antes de protocolar a ação, pediu a autorização da família.
Como o processo de pedido de cassação foi apenas subscrito pelo partido, Mattar Assad diz acreditar que o trâmite da ação não deve ser alterado. Por isso os prazos para defesa do deputado e para a emissão do parecer do corregedor não devem mudar.
Trâmite
O deputado Luiz Accorsi (PSDB), corregedor-geral da Assembleia, está analisando o pedido de cassação. Na segunda-feira, o corregedor encaminhou uma notificação a Carli Filho, que está internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O parlamentar tem dez dias de prazo para apresentar sua defesa. Até agora, ainda não foi revelado o nome do advogado que fará a defesa de Carli no processo na Assembleia. O advogado Roberto Brezinski Neto assumiu a defesa do deputado na esfera criminal.
Vinhos
A nota fiscal da mesa do restaurante em que Ribas Carli esteve horas antes do acidente indica que ele e um casal de amigos pediram quatro garrafas de vinho naquela noite. Antes, o deputado esteve em outra mesa, com outras quatro pessoas, na qual foi pedida uma garrafa de vinho. Um vídeo do sistema interno de segurança do mesmo restaurante mostra o parlamentar passando com duas taças de vinho nas mãos acompanhado por um casal.
O exame de dosagem alcoólica mostrou que Carli apresentava 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue. O material foi colhido pouco depois do acidente. Segundo a legislação, o motorista flagrado dirigindo com concentração igual ou superior a seis decigramas pode ser preso em flagrante. Na próxima segunda-feira deve sair o resultado no exame toxicológico do sangue do deputado, que poderá detectar se ele consumiu algum tipo de droga no dia do acidente.
A reconstituição da colisão, que deveria ter acontecido na madrugada de terça-feira, ainda não tem data definida para ocorrer.
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