Em meio à crise que envolve o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, o governo da presidente Dilma Rousseff tem mais um motivo de preocupação na Esplanada. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), corre o risco de se ver envolvido em novo processo por irregularidades na construção de casas populares enquanto comandava a capital mineira.
Na semana passada, a Justiça de Minas Gerais acatou ação proposta pelo Ministério Público Estadual (MP), que acusou o ministro de improbidade administrativa e superfaturamento de obras à época em que ocupava o Executivo municipal. Mas o MP ainda apura outra denúncia de contrato superfaturado celebrado pela prefeitura durante a gestão do petista.
Conforme a denúncia, encaminhada à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do MP pelo ex-vereador Antônio Pinheiro (PSDB), a prefeitura de Belo Horizonte firmou contrato de R$ 218,1 milhões com a Construtora Camargo Correia para a construção de 1.034 apartamentos e de R$ 120 milhões com a Construtora HAP também acusada na ação já acolhida pela Justiça para outras 736 unidades habitacionais no Aglomerado da Serra, na região centro-sul da capital.
Caso as investigações confirmem os valores pagos pelas obras ainda em andamento, cada apartamento de 45 metros quadrados custará R$ 210,9 mil no primeiro contrato e R$ 163 mil no segundo.
A HAP e seu proprietário, Roberto Gianetti de Sena, têm antiga relação com o atual ministro. Os dois fizeram doações de campanha para Pimentel em 2004, então candidato à reeleição, menos de duas semanas após receberem recursos do município. Na ação já acatada pela Justiça, o MP ressalta que o ministro e o empresário mantêm relação de negócios e cita como exemplo a venda de um terreno na Região Oeste da capital, que Pimentel fez a Roberto de Sena por R$ 50 mil, mas cuja escritura não foi registrada na capital e sim no cartório de Papagaios a 151 quilômetros da capital, na região central de Minas.
Diligências
O ex-vereador Antonio Pinheiro ressalta que empresas que operam em Belo Horizonte nesse segmento "constroem casas semelhantes" por R$ 25 mil, valor corroborado pelo Sindicato das Empresas de Construção Civil de Minas (Sinduscon-MG). "Devo esclarecer que nesses preços não está computado o custo do terreno", destacou o ex-vereador, que se demitiu do cargo de fiscal da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) ao ter negado o acesso aos contratos para as obras que fiscalizava in loco. O MP afirma que foram solicitadas diligências sobre o caso, que ainda estão em apuração.