Apontado por um lobista preso na Operação Lava Jato como responsável por indicar depósito de 1,3 milhão de francos suíços para o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Felipe Diniz afirmou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que desconhecia a existência de contas no exterior atribuídas ao presidente da Câmara e negou que tenha ordenado o pagamento. Em depoimento obtido pela reportagem, Felipe Diniz também disse desconhecer existência de empréstimo fechado por seu pai, o ex-deputado Fernando Diniz (PMDB-MG), morto em 2009, com Cunha.
Cunha disse que tinha uma “suposição” de que as transferências foram pagamento de um empréstimo feito ao ex-deputado, que morreu em 2009, mas que nunca cobrou ao filho dele sobre a dívida. Henriques havia dito à Polícia Federal que fez os pagamentos a pedido de Felipe Diniz. Para a Procuradoria-Geral da República, o dinheiro não é quitação de empréstimo, mas sim pagamento de propina de um contrato da Petrobras na África.
Esses pagamentos são um dos ponto-chave que ligam Cunha ao esquema de corrupção na Petrobras e são investigados em um novo inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado nega ter recebido dinheiro do petrolão, e citou a hipótese da devolução do empréstimo como explicação possível para a presença do dinheiro em sua conta.
O presidente da Câmara já foi denunciado em uma ação penal sob suspeita de receber propina referente a negócios de navios-sonda na estatal. Ouvido pela PGR em 20 de outubro, Felipe Diniz afirmou que está sendo “usado” pelo lobista e que “nunca indicou para João Augusto Henriques qualquer conta de Eduardo Cunha, muito menos na Suíça”.
Disse ainda que o presidente da Câmara nunca comentou com ele sobre a dívida e que “nunca soube de contas de Eduardo Cunha em outros países”.
Felipe Diniz confirmou aos procuradores que Cunha era amigo de seu pai e diz que também mantinha relação com o presidente da Câmara, tendo se encontrado com ele no Congresso Nacional e em seu escritório no Rio. Disse que nunca teve negócios com Cunha e que não atuou como seu operador.
Questionado sobre a relação entre João Henriques e o presidente da Câmara, Felipe Diniz afirmou não saber se eles se conheciam e se mantinham contato. Sobre a relação com seu pai, Felipe declarou que era “uma pessoa muito fechada” e não gostava de falar sobre “assuntos de política” com a família. Por isso, disse não saber se o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada foi uma indicação de seu pai à estatal.
Em seu depoimento, Felipe Diniz confirma que tanto ele próprio como seu pai tinham relação próxima com o lobista João Augusto Henriques. Segundo Diniz, ele conversava sobre “negócios internacionais que João Augusto afirmava ter com grandes empresas e por isto o declarante [Diniz] quis estar perto dele para ‘aprender’“.
Por isso, afirma que fez viagens com o lobista para acompanhar seu trabalho, mas afirma que nunca trabalhou por ele nem fez entregas de dinheiro a seu pedido. Uma delas, à Argentina, foi para tratar da venda da refinaria de San Lorenzo, investigada pela PF sob suspeitas de prejuízos à Petrobras na negociação. Outra foi a Dubai, onde Henriques possui conta bancária.
“Não fii procurado por Eduardo Cunha ou por qualquer intermediário dele para tratar do tema ou estabelecer uma versão defensiva comum”, disse, finalizando seu depoimento.
Procurada, a defesa de Cunha afirmou que as declarações de Felipe Diniz não desmentem a versão de que os pagamentos são a quitação do empréstimo. Isso porque, na avaliação da defesa do peemedebista, o ex-deputado Fernando Diniz pode ter deixado o lobista com as orientações de como fazer o pagamento antes de morrer.
Cunha já havia dito que Fernando Diniz sabia a conta em que deveria fazer a quitação do empréstimo, no exterior.
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