Após um ano e dois meses viajando de graça, diretores e funcionários da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) - órgão responsável pela fiscalização das companhias aéreas - começaram neste mês a pagar pelas passagens que usam. Mas, graças a um acordo firmado com o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), eles terão, no mínimo, 50% de desconto. Também conseguiram manter a flexibilidade de endosso, remarcação dos bilhetes e demais prioridades, benefícios incomuns até mesmo para altos executivos. Em ofício enviado pela Anac ao Snea em 18 de maio deste ano, a agência confirma o acordo com as empresas.
Desde que a Anac foi instalada, em 20 de março de 2006, o número de passagens gratuitas solicitadas às empresas saltou de uma média de 600 por mês para pouco mais de mil. Boa parte dos pedidos era para sextas e segundas-feiras, o que levantava suspeitas sobre uso para fins privados. Em novembro, quando a prática foi revelada em reportagens, o Snea enviou ofício à agência comunicando a suspensão imediata da emissão de passagens gratuitas.
Na ocasião, o presidente da agência, Milton Zuanazzi, afirmou que as despesas com viagens passariam a ser pagas com recursos próprios. Mas não foi o que aconteceu. "Eles alegaram dificuldades orçamentárias e decidimos dar prazo até abril para que encontrassem alternativas", disse uma fonte ligada às empresas.
Só neste ano a Anac contratou uma agência de turismo para comprar bilhetes para funcionários em viagens não-oficiais. Desde o dia 1º, apenas os inspetores em missão oficial têm direito ao passe livre. "Se analisarmos bem, essa também é uma concessão absurda. As empresas já pagam taxas de inspeção que, em tese, deveriam cobrir esses custos", disse outra fonte do setor.
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