O governo blindou nesta quarta-feira (07) o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel (PT), e impediu sua convocação pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara por 13 votos a cinco. A estratégia do Palácio do Planalto de privilegiar o petista desagradou parlamentares de outros partidos da base aliada. Desde o escândalo envolvendo o ex-ministro Antonio Palocci, a ordem da presidente Dilma Rousseff era para que os ministros alvo de denúncias fossem ao Congresso se explicar. Dessa vez, no entanto, o governo lançou mão de sua ampla maioria para evitar a convocação de Pimentel.
"Querem discutir a vida pregressa de um ministro que não ocupava cargo público. Isso aqui vai virar o que a gente não quer que vire: vamos fazer pequenas CPIs de questões municipais e estaduais não relacionadas com a União", argumentou o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Os ministros virão na hora que a gente quer, do jeito que a gente quer", decretou o peemedebista. "O ministro não está se furtando a dar explicações. Essas explicações estão nos mesmos jornais que trazem denúncias, que são da vida privada do ministro", disse o deputado Odair Cunha (PT-MG).
Insatisfeitos com o tratamento dado a seus ministros, parlamentares do PDT, PC do B e PP preferiram se ausentar da votação da Comissão de Fiscalização e Controle durante a análise do requerimento do PSDB com o pedido de convocação de Pimentel. Foi essa mesma comissão que aprovou nos últimos meses requerimentos da oposição para que fossem ouvidos ministros envolvidos em escândalo, como Carlos Lupi (PDT) e Orlando Silva (PC do B). Na semana que vem, o ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), vai depor na comissão.
Na avaliação da oposição, a blindagem do ministro está relacionada com o fato de Pimentel ser "da cota pessoal da Dilma". "Eles são amigos de longa data, por isso mesmo não pode pairar sobre ele nenhuma suspensão. Não há como separar sua vida pública da privada. As duas caminham juntas", afirmou o líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP). "Se o Pimentel não vier aqui e não se explicar, a presidente Dilma Rousseff deve se desculpar com o Palocci e o trazer de volta para o governo", continuou o tucano.
Para os oposicionistas, a denúncia contra Pimentel é semelhante a de Antonio Palocci, que aumentou seu patrimônio em mais de 20 vezes num período de quatro anos. Segundo o jornal O Globo, a empresa de consultoria de Pimentel teria praticado tráfico de influência em licitações da Prefeitura de Belo Horizonte, além de não ter prestado serviços pagos pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). "Por que o Pimentel não pode vir aqui? A suspeita naturalmente é que ele não possa comprovar a origem dos recursos de sua consultoria", disse o líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA).
Os tucanos protocolaram nesta quarta-feira (07) representações na Comissão de Ética Pública da Presidência da República e no Ministério Público Federal do Distrito Federal pedindo investigações sobre negócios Pimentel. À Comissão de Ética, o PSDB pede abertura de processo administrativo para apurar as denúncias por causa "da possível prática de ato atentatório contra os princípios éticos que norteiam as atividades dos órgãos superiores da Presidência da República e a quebra de decoro". Ao Ministério Público, os tucanos solicitam a abertura de inquérito civil para apurar "suposta prática de improbidade administrativa" e "tráfico de influência".
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