A recente crise da segurança pública no estado de São Paulo, evidenciada pelas constantes rebeliões e ataques mortais aos agentes penitenciários, pode ter fim com a transferência dos principais líderes de facções criminosas para a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Catanduvas, cidade com 10 mil habitantes no Oeste do Paraná. O diferencial em relação às demais prisões é que esta possui o que há de mais moderno em termos de segurança.

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O governo paulista pediu 40 vagas no presídio federal de Catanduvas (PR) para os presos mais perigosos do estado. O secretário Antonio Ferreira Pinto, da Administração Penitenciária, disse que os presos a serem transferidos para a nova unidade serão escolhidos segundo o perfil. Como justificativa, alegou que São Paulo tem 19 presídios destruídos pelas rebeliões e demanda superior à capacidade. Embora ele não tenha citado nomes, Marcos Camacho, o Marcola, líder de facção criminosa acusada de ordenar os ataques de maio, pode ser um dos detentos removidos para a nova prisão.

O jornal visitou com exclusividade as dependências do presídio e viu de perto a tecnologia que será disponibilizada a partir desta segunda-feira para receber os primeiros moradores considerados de alta periculosidade, que podem ou não estar cumprindo pena em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Além de Marcola, o seqüestrador chileno Maurício Hernandes Norambuena e o traficante Fernandinho Beira-Mar podem integrar a lista de presos escolhidos por seis estados, que já encaminharam pedidos de transferência à Justiça Federal.

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A decisão de quem ocupará a prisão será do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que vai autorizar as transferências segundo a disponibilidade das 208 vagas.

- Como a unidade está vazia, todos os pedidos que chegarem serão encaminhados. A qualquer momento um preso pode ser transferido para lá, mas a decisão será criteriosa e depende da Justiça Federal - explicou Maurício Kuehne, diretor do Depen.

Monitorados

Assim que chegarem na penitenciária, os criminosos serão monitorados por áudio e vídeo em todas as dependências. Também serão submetidos a biometria, que coleta impressões digitais por impulsos elétricos, e inspeção por espectrômetros, que detectam substâncias que vão da pólvora até as usadas em armas químicas. O isolamento dos detentos será garantido por meio de raio-x, detectores de metais de alta sensibilidade e paredes blindadas.

- São líderes de facções criminosas e o trabalho de inteligência é feito com o maior rigor - disse Alexandre Cabana, coordenador de inteligência penitenciária do Depen.

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É tanto aparato que nem mesmo um simples alfinete pode deixar de ser percebido.

- Esses equipamentos são capazes de identificar um objeto que tenha o tamanho dez vezes menor do que a espessura de um alfinete - explica Ronaldo Urbano, diretor da penitenciária.

Lá, para receber visita, o preso terá de esperar 30 dias, tempo que vai durar a investigação sobre a pessoa que se cadastrar como visitante.

- Confirmaremos os dados e faremos o registro biométrico de todos, inclusive dos advogados. Quem tentar entrar com droga ou arma será preso pela Polícia Federal no ato - disse Urbano.

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