O Ministério Público concluiu que o grupo criminoso liderado pelo ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda desviou pelo menos R$ 110 milhões dos cofres públicos em contratos sem licitação. A acusação está na denúncia de 191 páginas encaminhada nesta sexta(29) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
No documento consta que, entre 2005 e 2010, o governo do Distrito Federal (GDF) pagou o valor milionário na modalidade "reconhecimento de dívida", sem fechamento de contrato. Ainda de acordo com a denúncia, o sistema de reconhecimento de dívida foi instituído por Arruda em 2009 para burlar licitações e direcionar pagamentos a empresas que repassavam propinas ao grupo.
Segundo o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o sistema foi uma inovação do grupo para desviar dinheiro. O esquema consistia no reconhecimento, por parte do GDF, que determinada empresa estava prestando serviço sem licitação e que a dívida deveria ser paga. "Por meio disso, generosíssimos pagamentos eram feitos a diversas empresas, que, em retribuição, mantinham pagamentos regulares, mensais, a diversas pessoas do governo do DF".
O Ministério Público apurou que, a partir da instituição do reconhecimento de dívida em 2009, as empresas envolvidas ganharam até 500% mais que no ano anterior. Também foi constatado que Durval Barbosa, apontado como operador do esquema, arrecadava entre 7% e 10% do total líquido pago às empresas, a maioria da área de informática.
O documento ainda mostra que 37 pessoas foram incriminadas uma a menos que o anunciado mais cedo por Gurgel. São 18 denunciados ligados ao GDF, oito empresários e 11 deputados distritais.
A divisão do dinheiro relatada no documento também difere do que foi apontado mais cedo pelo procurador: Arruda ficaria com 40%, Paulo Octávio com 30% e os secretários de governo com 20%. Cerca de 10% ficavam à disposição de Arruda para comprar parlamentares.
Confira lista dos denunciados:
1) José Roberto Arruda governador do Distrito Federal entre 2007 e 2010. Acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.2) Paulo Octávio vice-governador. Acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.3) Durval Barbosa secretário de Relações Institucionais. Acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.4) José Geraldo Maciel chefe da Casa Civil do DF. Acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.5) Domingos Lamoglia conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal, afastado desde 2009. Acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.6) Fábio Simão chefe de gabinete de Arruda. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.7) Ricardo Penna secretário de Planejamento e Gestão. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.8) José Valente secretário de Educação. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.9) Roberto Giffoni corregedor-geral do Distrito Federal. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.10) Omézio Pontes assessor de Arruda. Acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.11) Rodrigo Diniz Arantes assessor de Arruda. Acusado de formação de quadrilha.12) Adailton Barreto Rodrigues funcionário da secretaria de Educação. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.13) Gibrail Gebrim - funcionário da secretaria de Educação. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.14) Masaya Kondo - funcionário da secretaria de Educação. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.15) Luiz Cláudio Freire de Souza França diretor do posto de serviço Na Hora, do GDF. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.16) Luiz Paulo Costa Sampaio presidente da Agência de Tecnologia da Informação. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.17) Marcelo Toledo - policial aposentado, um dos operadores do esquema. Acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.18) Marcelo Carvalho - executivo das empresas Paulo Octávio. Acusado de formação de quadrilha.19) Nerci Bussanra diretora da empresa Unirepro. Acusada de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.20) José Celso Gontijo dono da empreiteira JC Gontijo. Acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.21) Alexandre Tavares de Assis diretor presidente da Info Educacional. Acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.22) Antônio Ricardo Sechis dono da Adler, empresa de informática. Acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.23) Alessandro Queiroz dono da CapBrasil Informática. Acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.24) Francisco Tony de Souza dono da Vertax, empresa de informática. Acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.25) Gilberto Lucena dono da Linknet, empresa de informática. Acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.26) Maria Cristina Boner Leo dona do Grupo TBA, da área de informática. Acusada de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.27) Eurides Britto - deputada distrital. Acusada de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.28) Leonardo Prudente - deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.29) Júnior Brunelli - deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.30) Roney Nemer deputado distrital ainda em exercício. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.31) Benedito Domingos - deputado distrital ainda em exercício. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.32) Aylton Gomes - deputado distrital ainda em exercício. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.33) Odilon Aires - deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.34) Rogério Ulysses - deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.35) Pedro do Ovo - deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.36) Berinaldo da Ponte - deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.37) Benício Tavares - deputado distrital. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.