Suítes 501 e 502: o endereço secreto da Operação Satiagraha. Localizadas no 5º andar do São Paulo Inn Hotel, um edifício de linhas clássicas, em estilo europeu, no Largo Santa Ifigênia, coração da capital paulista, elas abrigaram o QG da mais controversa operação já montada pela Polícia Federal (PF) - destinada a investigar as atividades do banqueiro Daniel Dantas. Para agir com mais privacidade e desenvoltura, arapongas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e agentes da PF chegaram a fechar todo o andar. Durante meses só podiam transitar por ali pessoas autorizadas por eles. Até as camareiras tinham de esperar por suas ordens.

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Cada suíte dispõe de um quarto, sala e dois banheiros. Numa das salas - com uma janela ampla, com vista para um prédio abandonado, um pedaço da Rua Brigadeiro Tobias e, mais ao longe, a Avenida Prestes Maia - ficavam três computadores e uma máquina de triturar papéis. Era ali que organizavam os grampos de telefones, faziam reuniões e redigiam os relatórios confidenciais da missão que acabaria resultando numa crise sem precedentes no interior da PF e também numa disputa com a Abin. Às vezes o delegado Protógenes Queiroz ligava para o serviço de quarto e pedia uma rodada de café.

O delegado não dormia lá. Hospedava-se num hotel bem próximo, o Shelton Inn, na Avenida Cásper Líbero, e pertencente à mesma rede hoteleira. Ele ia a pé de um local a outro. Protógenes é bastante conhecido no São Paulo Inn. Pelos cálculos dos funcionários, há pelos menos quatro anos que ele costuma utilizar aquele endereço. Dizem tratar-se de um policial trabalhador, desses que acordam cedo e dormem tarde, mas nem sempre muito discreto: em mais de uma ocasião foi visto dizendo que ia prender esse ou aquele figurão.

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