O Exército abriu um Inquérito Policial Militar para investigar os sargentos veteranos que aplicavam violentos trotes nos recém-formados, e afastou 12 militares, mas não divulgou a lista com os nomes. Segundo a apuração feita pelo Fantástico, eles são os sargentos Edvaldo Rodrigues, Giovanni Moscatelli, Murilo de Oliveira, Marcos Pacheco, Marcelo Sales Correa, estes cinco as vítimas do trote. Além dos sargentos Rafael Rosetti, Maurício Schiavon Ramos, Sérgio Ferraz e Deyvison Chelis, que já haviam sido identificados domingo passado.
Os outros três afastados são os sargentos Juliano César Cipriano Dias, o que atende pelo apelido de Sem-Noção, o sargento Steve Foster da Silva, visto sem camisa aplicando o trote; e o tenente Cleber Custódio Furquin, único oficial identificado até agora, e que aparece numa foto ao lado dos sargentos Deyvison e Schiavon.
Foram idenficados ainda o sargento Pedro Couto, que é visto em dois momentos nas imagens, com uniforme de gala. Antônio Figueiredo Basto, advogado dos sargentos afastados, tentou justificar a prática de trote:
- Eles são todos muito jovens e disseram que aquilo foi uma brincadeira.
- Mas uma brincadeira com choque elétrico, afogamento? -, pergunta o repórter.
- Eles dizem que não houve choque, que a máquina foi utilizada só num momento, que eles não levaram choques, não receberam a corrente elétrica, como também não receberam queimaduras. Segundo eu soube, eu não vi a fita na íntegra, aquilo tudo seria uma encenação - responde o advogado.
Mas o perito Nelson Massini, ouvido pelo Fantástico, não tem dúvidas.
- Estas talvez tenham sido, nos meus 30 anos de medicina legal, as cenas mais cruéis que eu já tenha assistido -, afirma Massini.
- Os choques inclusive poderiam ter sido fatais, porque, independentemente da voltagem, por onde passa essa corrente poderia ter levado à morte - informa o perito.
Para justificar a tese de confraternização, o advogado forneceu uma foto dos sargentos numa churrascaria. A foto tem data de 2 de setembro, data posterior à do trote, 25 de agosto.
O Exército, que já ouviu quatro dos militares envolvidos, condenou a violência do trote.
- As imagens falam por si. São imagens muito fortes, completamente contrárias a qualquer pensamento em vigor no Exército - diz o presidente do inquérito, o tenente-coronel Ilton Barbosa.
Um funcionário público serviu no 20º Batalhão em 1985 e se lembra dos trotes como tradição da companhia.
- Não há consentimento. Ali, com certeza, todos são obrigados a passar pelo que eu presenciei e pelo que eu vi nas imagens também - conta.
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