Dez ministros terão de se explicar na Câmara, em nova derrota de Dilma
Rebelada e com a ajuda da oposição, a base aliada da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados impôs ontem novas derrotas políticas ao Planalto no Congresso
O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), disse nesta quinta-feira (13) que a indicação do presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Ângelo Oswaldo, para o Ministério do Turismo não "acalma" a relação do governo com a bancada peemedebista na Câmara.
Raupp disse que Oswaldo não "pacifica" nem a relação com a bancada de Minas Gerais, Estado de origem do indicado para o ministério.
"Eu ouvi a bancada, eles tinham decidido não indicar ninguém, mas um não [indicar] nem sempre é um não", afirmou. "A Câmara vai continuar dando trabalho por um tempo", disse.
O nome de Oswaldo, que é ex-prefeito de Ouro Preto (MG), irritou a bancada do PMDB especialmente porque ele é ligado ao ex-ministro Fernando Pimentel (PT), que deve ser o candidato do PT ao governo de Minas Gerais. Na prática, uma pasta que era da cota do PMDB, passaria a ser controlada pelo PT --o que na visão dos peemedebistas não reduz a crise com os deputados da sigla.
O Palácio do Planalto não confirma oficialmente a substituição do atual ministro Antônio Andrade (PMDB-MG) por Oswaldo, mas nos bastidores o PMDB já considera a troca como certa. "Na bancada da Câmara, vai demorar um pouco para pacificar a relação", disse Raupp.
A presidente Dilma Rousseff destravou ontem alguns nomes da reforma ministerial depois da rebelião conduzida pelo PMDB na Câmara. Os principais aliados do governo impuseram derrotas em série ao Palácio do Planalto no Congresso, como a aprovação de convocações de ministros do governo Dilma e a abertura de investigação contra a Petrobras.
Além de Oswaldo, Dilma teria convidado Neri Geller para o Ministério da Agricultura, atual secretário-executivo da pasta. O nome de Geller agrada a bancada do PMDB da Câmara por ser um nome técnico, sem vínculo com o PT ou outro partido governista. A escolha dele também é um aceno na direção dos peemedebistas da Câmara, inclusive o líder Eduardo Cunha (RJ), que indicaram o secretário na cota dos deputados do PMDB. As duas pastas, Turismo e Agricultura, eram ocupadas por indicados da bancada do PMDB na Câmara.
Dilma concordou com o indicado do PP, Gilberto Occhi (vice-presidente da Caixa), para o Ministério das Cidades. Deve ser anunciado também um nome do Pros para Integração Nacional e a efetivação de Mauro Borges no Desenvolvimento. O PTB pode ganhar uma estatal, embora o partido também pleiteasse um ministério.
A presidente deve concluir hoje a reforma ministerial, seis meses após ter efetivado trocas no primeiro escalão do governo. As indicações foram um dos motivos para o início da crise do PMDB da Câmara com o governo depois que Dilma sinalizou reduzir de dois para um os ministérios na cota dos deputados peemedebistas.
Apoio
Raupp disse que, além da reforma ministerial, os problemas do governo com a bancada do PMDB passam por outras questões como a liberação de emendas parlamentares e as alianças regionais. O peemedebista disse que PT e PMDB ainda precisam solucionar impasses para as alianças entre as duas siglas em nove Estados --como Rio de Janeiro e Ceará, onde os dois partidos têm pré-candidatos aos governos estaduais e se tornaram problema na relação.
"Ela tem conversado bem com o Sérgio Cabral [governador do Rio], com o Eduardo Paes [prefeito do Rio] e com o Pezão [vice-governador]. O que eu soube é que as conversas estão boas", afirmou Raupp. O presidente do PMDB teria hoje uma nova rodada de conversas com o presidente do PT, Rui Falcão, para discutir as alianças regionais. Mas o encontro foi adiado.
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